quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Praça do Apocalipse

Um bom tempo depois de ter sido diagnosticado com parkinson, minha esposa me deu um cusco, para me fazer companhia. Eu achava que ia ser um estorvo, eis que teria que lidar com a doença e com o cachorro ao mesmo tempo, … mas a minha mulher acertou. Ele tem me ensinado várias coisas e para isto, late muito em certas circunstâncias.

Uma é que quando saímos para passear, ele não quer ficar de papo, ele quer é passear, ficar caminhando e cheirando tudo pelo caminho. Se eu paro para conversar com alguém, ele pára ao lado e diz latindo: - Vamos passear!

Isto tudo me remete ao desfile do carnaval e à praça do apocalipse, assim denominada por equívoco, por um jornalista do Rio, contrariado, do qual não lembro o nome, à época da inauguração do sambódromo da Sapucaí, onde foi criada por Niemeyer a praça da apoteose.

A apoteose como clímax é um engodo. É realmente um apocalipse, pois é o fim de tudo. A vida de uma pessoa normal tem seu apoteose no desfile ao longo do tempo e não no conceito de “melhor idade”. Melhor idade o caralho! Afinal, o fim de tudo para quem tem uma doença neurodegenerativa como o Parkinson deve ser triste, muito triste, vejo por mim, com minha degeneração.

Então vivamos o hoje, o aqui e o agora, enquanto temos forças e lucidez para desfilar, e vale para todos … ou seja, Carpe Diem.

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