terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Diagnosticar cedo o Parkinson aumenta a qualidade de vida

Segundo médicos, o índice dos pacientes que apresentam algum tipo de tremor varia entre 40% e 50%
27/02/18 - A doença de Parkinson, em estágios avançados, interfere na realização de atividades simples, como amarrar o cadarço do sapato ou abotoar a camisa. Embora seja muito evidente o avanço dos recursos tecnológicos disponíveis na medicina, ainda não há um exame específico para o diagnóstico da doença. Apesar de ser comum em pessoas com mais de 60 anos, essa enfermidade pode atingir pessoas mais jovens, independentemente se existe ou não histórico na família. Por essa razão, é importante estar atento aos primeiros sinais, uma vez que o conhecimento precoce sobre a doença permite ao portador ter uma maior qualidade de vida.

De acordo com o neurologista Flávio Sekeff, professor de pós-graduação da Faculdade Ipemed, os primeiros sintomas costumam ser bradicinesia (lentidão de movimentos), rigidez muscular, problemas relacionados ao equilíbrio e tremor (esse último abrange de 40% a 50% dos casos). À medida que a enfermidade evolui, uma tendência natural com o passar dos anos, são comuns disfagia (dificuldade para engolir) e problemas na fala, entre outros.

Portador. Informação e atenção aos primeiros sinais permitiu que o pedagogo Mário Zan, 65, descobrisse cedo a enfermidade, há sete anos. Numa manhã, ele acordou e percebeu uma rigidez na mímica facial. “Ainda na cama eu senti que o lado esquerdo do meu rosto não estava tão flexível quando eu mexia. Logo de início, já desconfiei do Parkinson porque tinha lido muito sobre o assunto antes, mesmo não tendo casos na família, porque a idade estava chegando”, afirma.

Na mesma semana, Zan foi a um neurologista. “Ele me explicou que o diagnóstico era por exclusão clínica. Então, passou um remédio que acabou por não fazer efeito. Alguns dias depois, voltei e ele receitou um medicamento específico para a doença. Não deu outra: a rigidez facial começou a diminuir”, diz.

Processo. O neurologista Flávio Sekeff explica que a progressão da patologia geralmente é lenta e varia de acordo com o indivíduo. “Embora ainda não tenha cura, existem tratamentos que visam reprimir seu avanço. O mais importante é que os sintomas sejam detectados nas primeiras fases da doença, já que, dessa maneira, aumentam as possibilidades de conter sua evolução e melhorar a qualidade de vida do paciente”, explica.

O neurologista Cláudio Cunha, médico do Hospital Madre Teresa, pontua que, para uma doença incurável, indicativos que ajudem a reduzir o impacto dos sintomas e as sequelas do tratamento são fundamentais. “O medicamento alivia as consequências da falta do neurotransmissor, mas vai perdendo a eficácia ao longo dos anos de uso”, expõe. As doses precisam ser ajustadas com o passar do tempo, e o uso constante pode trazer efeitos colaterais.

Por isso, além de tomar os remédios, Zan faz fisioterapia duas vezes na semana e pratica alongamento e caminhada. “Sei que a doença é gradativa, então já estou me preparando para não ser pego de surpresa daqui a alguns anos”, garante.

Mudanças nos hábitos diários podem auxiliar no tratamento
A doença de Parkinson não tem cura, mas isso não deve impedir que o portador opte por alternativas que ajudam, e muito, no tratamento. O neurologista Cláudio Cunha destaca que, quanto antes o paciente mudar os hábitos de vida, melhor será a resposta do organismo ao tratamento. “Temos muitos exemplos de que pessoas que fazem atividade física com frequência e têm boa alimentação apresentam diminuição dos sintomas durante o processo”, diz.

Segundo Cunha, diante de um estilo de vida saudável, sintomas tradicionais como rigidez dos membros, lentidão dos movimentos e tremores podem ser bastante minimizados. “Não há como eliminá-los, mas sem dúvida, as atividades cotidianas podem ser feitas dentro de uma normalidade pelo paciente”, diz o médico.

Serviço

BH. Na capital mineira, os pacientes de Parkinson e seus familiares podem contar com o apoio da Associação dos Parkinsonianos de Minas Gerais (Asparmig). O site é o www.asparmig.org. Fonte: O Tempo.

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