quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Jovem com Parkinson, relato de um "garoto" mineiro.

Olá, me chamo Rosalvo Arantes Júnior, tenho 32 anos e sou portador de PK desde 2016, porém devido a falta de preparo dos médicos meu diagnóstico só foi feito em 2.018. Tudo começou quando fui renovar a minha habilitação de moto, e na hora de colocar os dedos na biometria eu estava tremendo a mão direita. Achei aquilo estranho e a atendente da clínica ficou assutada, quando vi aquele tremor logo me preocupei, e saí da clínica com o pensamento de que se não parasse iria procurar um médico.
Enfim o tremor não passou, pelo contrário piorou. Porém os médicos que me atendiam falavam em stress, depressão, problemas psicológicos e até mesmo que não era nada. Passaram-se um ano e veio 2.017, já neste ano percebi que o meu braço direito não balançava quando eu andava e as pessoas ficavam me perguntando se eu estava com o braço machucado pois ele ficava imóvel.
Percebi também que estava sentindo uma fadiga acentuada, ao ponto de dormir cerca de 12 a 16 horas por dia. Neste período continuava a minha saga em diversos consultórios, entre médicos públicos e particulares e com gastos com medicamentos e exames que não davam em nada.
Por causa da fadiga comecei a chegar atrasado no emprego, perdia compromissos da faculdade, não conseguia fazer minhas atividades físicas e estava muito preocupado com o que poderia estar acontecendo.
Por incrível que pareça eu já desconfiava de PK desde o primeiro momento, pois sou biólogo (na época era estudante), e além de ter estudado sobre a doença em neurofisiologia, eu sou fã desde infância do ator canadense Michael J. Fox, conhecia a história dele por causa do livro "Um Otimista Incorrigível" e reconhecia os sintomas como sendo da doença.
Alguns médicos com quem eu falava isto, diziam que eu estava tão preocupado em ser PK que meu corpo sentia os sintomas, mas eu sabia que era balela eu tinha praticamente certeza do que tinha.
Foi quando em 2.018 eu estava mancando um pouco, bem mais lento, tremendo mais e com o braço direito praticamente paralisado.
 Eu estava sem dinheiro, criticado pela família, chamado de preguiçoso pois não conseguia cumprir meus compromissos, acusado de não ser responsável para sustentar a minha casa, devido não estar conseguindo pagar a minha parte das despesas na totalidade por causa dos gastos com exames.
Foi nesta época que pedi ajuda de um amigo estudante de medicina, para que conversasse com um professor de neurologia a fim de que o mesmo me atendesse.
Eu me lembro como se fosse ontem (sempre quis dizer isto rsrssr) sai do trabalho e fui na clínica daquele médico, ele era jovem cerca de uns 40 anos e prestou bastante atenção na minha história, fez exames clínicos minunciosos e disse categoricamente: "Tudo indica que a sua suspeita está certa, me parece que você tem Parkinson, vou te passar uma medicação e uns exames, caso a medicação faça efeito e você sinta uma melhora, me envie uma mensagem avisando. E, assim que os exames ficarem prontos, fechamos o diagnóstco." 
Mesmo esperando esta resposta o meu chão se abriu eu estava com 30 anos, no último ano da faculdade, tinha duas filhas maravilhosas, era casado e minha filha mais velha havia perdido a mãe em 2.013 então eu era tudo o que ela tinha. O que seria de mim?!
Passei por todas as fases descritas pela psicologia, negação, revolta, depressão, aceitação e por fim adaptação. Por diversas vezes pensei em me matar o fardo era pesado para mim, achava que não ia suportar.
Foi quando fui na Capoeira avisar meu professor que seria meu último dia e iria parar, naquele momento ele me disse que agora mais do que nunca eu iria precisar da Capoeira. Foi ali que eu lembrei que a Capoeira, foi criada por um povo escravizado para se libertar e para resistir as opressões.
Então eu poderia usar aquela arte para me libertar e resistir ao fardo imposto pela Doença de Parkinson. E, foi o que eu fiz. Intensifiquei os treinos e cada vez mais encontrava forças para seguir com a minha vida, minha auto estima melhorou, voltei para a academia, comecei a correr na rua. Claro que faço isto medicado e não sou o mesmo de antes do Parkinson, tem dias que os sintomas me fazem ficar em casa.
Só que eu aprendi que o segredo da vida abundante é estarmos ciente dos nossos limites e adaptarmos a circunstâncias, nunca devemos forçar mais do que aguentamos, mas ao mesmo tempo como um bom Capoeira não se deve desistir na primeira queda.
Atualmente sou palestrante do projeto Batera SuperAÇÃO Parkinson, criado pela Vanessa Gomes e André Gubolin dois jovens com parkison e nos apoiamos mutuamente nesta luta. Além de levarmos informações e conscientização sobre a doença, para a comunidade e para profissionais da saúde.
Não posso dizer que o Parkinson me fez bem, quando adoecemos é como perdermos um ente querido, passamos por um luto, uma parte nossa foi embora. Mas, não devemos desistir! A vida ainda pode ser absurdamente boa, mesmo que tenha seus períodos de angústias e tristezas.
Por fim encerro o meu relato com uma frase que ouvi uma vez, e é muito pertinente a situação que eu vivo "Quando se está no inferno, abraça o diabo". Ou seja, já que não tem para onde correr que convivamos com o problema da melhor forma possível.

Em breve estarei lançando um e-book falando das lições que aprendi com o Parkinson e quem quiser entrar em contato sinta-se a vontade de chamar pelo telefone 032- 9 8477 3717

Um abraço a todos e lembrem-se somos mais fortes do que imaginamos
Atenciosamente 

Rosalvo Arantes Júnior

5 comentários:

  1. Jr Parabéns pelo seu relato, ainda não tenho diagnóstico, mas como vc, venho lendo os sinais do meu corpo há alguns meses, e de certa forma com receio de procurar um neuro. Vc me incentiva a buscar meu diagnóstico, obrigada!!

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    3. Olá obrigado. Busque o diagnóstico correto, sei que é difícil mas é o melhor a ser feito. Com o tempo você aceita e vai se adaptando. Espero que fique tudo bem, se precisar de ajuda estou à disposição. Basta me chamar via WhatsApp.

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