Ansiedade, mau-humor
e depressão. E se lhe disséssemos que regular as bactérias do
intestino pode acabar com os seus problemas?
30/05/2019 - Flora
intestinal para aqui. Flora intestinal para acolá. Não faltam
anúncios que falem no assunto. Mas afinal, o que é isso e porque é
importante que ela esteja regulada? As respostas são simples.
A flora intestinal
nada mais é do que uma população de bactérias que vive no nosso
intestino e que em troca de comida tem a importante função de nos
proteger dos microrganismos que provocam doenças. O papel delas é
por isso fundamental para a absorção de nutrientes e vitaminas.
Porém, para tudo correr bem, é necessário que fiquem restritas ao
intestino. O que acontece graças a uma parede impermeável de
células que as impede de fugir para a corrente sanguínea.
Mas o aspeto mais
interessante do intestino são os neurónios. Sim, os neurónios.
Tais como os que temos na cabeça. É neles que as ditas bactérias
se alojam para cumprir as suas funções cruciais ao bom
funcionamento do nosso organismo. E é por isso que o intestino é
conhecido como “o segundo cérebro”.
Claro que tem menos
neurónios do que a nossa massa cinzenta, mas ainda assim são perto
de 500 milhões, um número suficiente para que o intestino tenha um
sistema nervoso próprio, responsável por coordenar certas tarefas,
como os movimentos que estimulam o bolo fecal a sair do nosso corpo.
Algo que funciona sem a interferência do nosso cérebro.
ansiedade e
depressão?
E onde entra a
história da ansiedade e da depressão? É que os neurónios
intestinais têm uma produção farta de dopamina e serotonina, os
neurotransmissores responsáveis pela boa disposição. E,
espante-se, 50% de toda a dopamina e 90% da serotonina que corre pelo
nosso corpo é produzida nos intestinos para possibilitar a extração
de energia dos alimentos.
Substâncias que o
cérebro utiliza depois para regular alguns processos, como a
retenção de informação e até o humor. O que faz com que o
intestino e o cérebro estejam em constante comunicação. Fazem-no
através do chamado nervo vago, que passa pelo tórax e liga o
sistema gastrointestinal à cabeça.
Uma via de
comunicação que tem um duplo sentido. Por exemplo, é por isso que
quando estamos stressados sentimos um friozinho na barriga ou vontade
de ir à casa de banho. E se algo não corre bem com a barriga faz
sentido que isso também afete o cérebro, estando na origem de
vários desequilíbrios emocionais, como a ansiedade e a depressão.
As pesquisas indicam
que quem tem problemas intestinais é emocionalmente mais vulnerável
e tem mais hipóteses de desenvolver doenças, como gripe, por
exemplo.
Um estudo recente,
publicado no jornal General Psychiatry, por cientistas do Centro de
Saúde Mental da Universidade Jiao Tong, em Xangai, indica que a
regulação dos microrganismos do nosso sistema digestivo pode ajudar
a tratar doenças como a ansiedade. E sugere que o consumo de
suplementos alimentares probióticos (produtos que contêm
microrganismos vivos) e métodos não-probióticos podem ser uma
alternativa no tratamento.
O estudo teve também
em conta outras 21 pesquisas anteriores sobre o assunto, onde 1.5 mil
pessoas já tinham sido avaliadas. Dessas pesquisas, 14 indicavam
probióticos (bactérias “boas”) como uma intervenção válida
para regular os microrganismos que vivem na flora intestinal. As
restantes sete aderiam aos métodos não-probióticos.
Resultado: 52% dos
estudos tiveram resultados positivos no tratamento da ansiedade
quando a flora intestinal foi regulada. No que toca ao uso de
probióticos, 36% dos trabalhos reconheceram que esses produtos foram
eficientes na redução da ansiedade. Ao passo que, nas pesquisas que
utilizaram não-probióticos, o sucesso no tratamento da doença teve
86% de eficácia.
De acordo com os
investigadores, os não-probióticos foram mais eficazes, porque a
mudança na dieta significou aumento de fontes de energias que acabam
por ter maior impacto no crescimento das bactérias. Ao contrário da
ingestão específica de bactérias, presentes nos suplementos
probióticos como alguns laticínios, por exemplo, que não surte o
mesmo efeito.
Conselhos para
melhorar a flora intestinal:
Seguir uma dieta
diversificada para variar o microbioma intestinal
Reduzir o nível de
stresse, fazendo atividades relaxantes e exercício físico
Se já teve
evidências de problemas intestinais, é melhor evitar comidas
apimentadas e consultar um nutricionista. Fonte: Notícias Magazine.

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