sábado, 13 de abril de 2019

Mais de 600 mil brasileiros poderão sofrer da doença de Parkinson em 2030

Avançar da idade da população é um dos principais motivos para o aumento da prevalência da doença

12 de Abril de 2019 - Doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, atrás apenas da doença de Alzheimer.

O perfil demográfico do Brasil e do mundo está se modificando. A expectativa de vida está aumentando e, provavelmente, continuará em ascensão nas próximas décadas, o que significa dizer que a população está envelhecendo e com ela uma maior incidência e prevalência de doenças crônicas, como a Doença de Parkinson.

Estudos epidemiológicos confirmam que, com o avançar da idade, há um aumento da prevalência da doença de Parkinson, aumentando progressivamente em até dez vezes por volta dos 50-80 anos. Dados nacionais estimam que a expectativa de vida no Brasil, em 2030, será de 78,6 anos e, em 2060, de 81,2 anos. O que significa dizer que teremos um maior número de idosos e, portanto, de Doença de Parkinson.

Para a médica neurologista do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, Bruna Villela, não existem estatísticas oficiais brasileiras, mas estudos internacionais estimam que o número de pacientes com doença de Parkinson no Brasil dobrará até 2030. Dados publicados através de pesquisa realizada em uma cidade brasileira, estimou que o número de pessoas com Doença de Parkinson representaria cerca de 3% da população com 60 anos ou mais. Levando em consideração que a população brasileira nessa faixa etária seria de 21 milhões de pessoas, chegamos a um número provável de 630 mil brasileiros com Parkinson.

"Esses números são alarmantes, pois considerando-se que a doença pode atingir pessoas em idade economicamente ativa, em idade produtiva e o fato de tratar-se de doença crônica, significa que os dados impactam os setores econômico, previdenciário, social e de saúde pública e privada", alertou Bruna.

Foto: Image
Segunda a neurologista esses pacientes consumirão mais os sistemas de saúde, necessitarão do uso de medicamentos por toda a vida, aumentando as chances da necessidade de internação hospitalar, além de necessidade de acompanhamento multidisciplinar (neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia, psiquiatria, psicologia, nutrição, neurocirurgia) para o pleno tratamento, o que significa uma demanda maior de atendimento e gastos com a saúde pública.

A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, perdendo apenas para a doença de Alzheimer. Trata-se de uma doença progressiva, incurável, e que demanda cuidados por toda a vida. Pode se desenvolver em uma faixa etária muito variável, porém o pico de incidência da doença ocorre a partir dos 60 anos. O substrato fisiopatológico principal da doença reside na deficiência da dopamina, responsável pela maioria dos sintomas, mas não o único. Muitos outros sistemas são afetados, como o serotoninérgico, adrenérgico, áreas cerebrais colinérgicas entre outras, fazendo com que a doença provoque uma ampla gama de sinais e sintomas.

A doença

Atualmente, sabe-se que a doença envolve múltiplos sistemas, englobando aspectos motores e não motores. É de conhecimento mais amplo da população os sintomas motores típicos da doença, como o tremor dos membros, além da lentidão dos movimentos, rigidez muscular e a instabilidade postural que os pacientes apresentam, porém, outros aspectos, os chamados não motores, muitas vezes são negligenciados.

Os sintomas não motores são importantes em diferentes estágios da doença, primeiramente em estágios que chamamos de fase pré-motora ou de sintomas prodrômicos, ou seja, são sintomas que aparecem antes do tremor e da rigidez muscular, na maioria das vezes, muitos anos antes que se faça o diagnóstico da Doença de Parkinson e que o próprio paciente ou o médico desconfiem desse diagnóstico. Alguns desses sintomas estão altamente associados ao risco de desenvolver a doença, são eles os déficits olfatórios, os distúrbios do sono e os distúrbios do humor, como a depressão. Outros sintomas não-motores manifestam-se como constipação intestinal, disfunção erétil e urinária, alterações cognitivas, dor, perda de peso e distúrbios do humor, que podem se apresentar como ansiedade, depressão ou ambos.

Outros sintomas

Os déficits olfatórios ocorrem em mais de 90% dos pacientes, na maioria das vezes apresentando-se com diminuição da sensação de olfato. Os distúrbios do sono são variáveis, porém o que mais se relaciona com o risco de desenvolver a doença é o chamado distúrbio comportamental do sono REM (do inglês, movimentos rápidos dos olhos), caracterizado pela presença de tônus muscular aumentado nesta fase do sono, resultando em movimentações bruscas como socos, chutes e vocalizações. Outros distúrbios do sono comuns em diferentes estágios da doença são a sonolência excessiva diurna e a insônia.

Os aspectos neuropsiquiátricos na doença de Parkinson são extremamente relevantes, pois podem acontecer em qualquer estágio da doença e podem afetar muito a qualidade de vida dos pacientes, da mesma forma que os sintomas motores. Os transtornos de ansiedade estão presentes em até 60% dos casos, e podem se manifestar como transtorno de ansiedade generalizada, ataques de pânico e fobia social. E comumente, mas não sempre, estão acompanhadas de depressão.

As pesquisas relacionadas aos aspectos não motores da doença de Parkinson fornecem subsídios sobre a grande diversidade de sintomas, morbidade e necessidades dos pacientes portadores da doença, colocando-os como determinantes na qualidade de vida desses pacientes e impactando diretamente nos custos, preparação, organização e consequente capacidade dos sistemas de saúde fornecerem medicamentos e atendimento multidisciplinar e adequado a essas demandas, uma vez que com o envelhecimento da população estima-se um aumento dramático da prevalência da Doença de Parkinson nas próximas décadas. Fonte: Folha Vitória.

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