quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Novidades?

Volta e meia me perguntam se há novidades no Parkinson, tendo em vista a minha suposta atualização devido a este blog, que tento manter devidamente up-to-date.

Sendo bem sincero, perspectivas de cura a curto prazo não vislumbro. Com um prazo estimado em 20 anos existem os estudos acerca do eixo intestino-cérebro, com foco na alfa-sinucleína que se desconhece se maligna por quantidade acumulada ou se patológica. Estudos de anticorpos à esta proteína estão em evolução, mas quanto à vacina prevista, ora em desenvolvimento na Áustria e outros países, está difícil. Talvez algum estudo da biota intestinal vá esclarecer o perfil quali-quantitativo das bacterias intestinais que impliquem no Parkinson, e com isto descobrir um antídoto.

Recentemente em estudos e testes de fôlego no Reino Unido, “ressuscitaram” o fator neurotrófico GDNF como mais uma esperança.

Afora aprimoramento de medicamentos paliativos, como a L-dopa existente há mais de 50 anos em novas apresentações como a extended release (Rytary) e por via nasal, em desenvolvimento, nenhuma novidade.

Ainda no campo dos paliativos temos como novidade o recente aceite da OMS à potenciais efeitos positivos da cannabis sobre várias patologias, inclusive o Parkinson. Curiosamente em paralelo ao surto de vício em opiáceos, ou opióides (na forma de analgésicos para a dor), que estão causando um grande estrago nos EUA e no mundo. A maconha que até então era vista com grande temor e preconceito, agora recebe novos olhares, como uma alternativa de saída mais branda aos opiáceos e como ampliação de tratamentos, mesmo que paliativos, a doenças que ainda causam tanto sofrimento.

Especificamente sobre os efeitos dos cannabinóides sobre o Parkinson, está previsto para 6 e 7 de março em Denver – EUA, uma conferência promovida pela Parkinson Foundation, que penso irá desmistificar a maconha, ou os cannabinóides em geral, para o tratamento do Parkinson e espero sepulte os disse-me-disses preconceituosos e descabidos.

Neste particular médicos brasileiros aliados a pacientes, numa audaciosa medida, se anteciparam e formaram a ABRACE – Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança, o que tenho como uma novidade.

Consultando via email (contato@abraceesperanca.org.br), recebi lista de médicos associados enviada em resposta, com a seguinte observação:

Gostaríamos que pudesse disponibilizá-la em seu site, porém, nós reunimos essa lista por conta própria e não temos uma autorização formal dos médicos, logo, achamos que não seria adequado.
Infelizmente não é recomendado divulgar. Essa lista nós divulgamos diretamente para os pacientes, tanto é que nem no nosso site não disponibilizamos ela.

Espero que compreenda.

Agradecemos o contato e tua disponibilidade em ajudar, até logo!

Recomendamos que procure a relação do seu estado e que entre em contato com médicos de especialidade adequada ao tratamento do caso. Caso necessário, veja a lista de médicos do estado vizinho caso seja viável para você ir se consultar com os mesmos. Caso tenha dúvidas relacionadas ao atendimento médico nós recomendamos que entre em contato diretamente com os mesmos para esclarecer (preço da consulta, local que atende, etc.). Desejamos boa sorte na busca pois sabemos a dificuldade existente na obtenção da receita médica para cannabis. Lembre-se também que é necessário ter um laudo médico especificando a patologia e os tratamentos até então utilizados.

Entendo que a cannabis não representa a cura, mas pode representar alívio dos sintomas desta terrível doença, e estimulo aos sofredores fazer uso deste fitoterápico, obviamente sob orientação médica.

2 comentários:

  1. Neste ótimo artigo, vc não citou como uma "Novidades" a divulgada esperança da Fundação FOX a respeito de um tratamento, em teste, MCC950 ... Em sua opinião, não seria uma esperança significativa ???

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  2. Eu classificaria o caso da molécula MCC950 (http://doencadeparkinson.blogspot.com/search/label/MCC950) no mesmo campo do GNDF, ou seja, como mais um balão de ensaio de técnicas que impactam o parkinson, que sem dúvida, traz esperança, e poderá ter potencial profilático a longo prazo, no meu entender sem muitas chances de vingarem para benefício no horizonte da nossa geração, ou seja, no curto prazo, daí a aposta na cannnabis como paliativo, enquanto a cura não vem.

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