Objetivo principal é
combater o mercado negro. Os canadenses estão entre os maiores
usuários da cannabis no mundo
Produtos com maconha à venda em loja de Montreal
MARTIN OUELLET-DIOTTE / AFP
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A polícia, por sua
vez, se prepara para um aumento da incidência de motoristas
dirigindo sob efeito da droga e não está pronta ainda para
apresentar três novas denúncias criminais, que exigem coletar
amostras de sangue duas horas depois da detenção para se detectar
níveis acima do limite de THC, o agente psicoativo do cannabis.
— Como médico e
como pai, não estou de acordo com a legalização da cannabis
recreativa — disse Antonio Vigano, especialista em maconha
medicinal e diretor de pesquisas na clínica de cannabis Sante em
Montreal, ante o risco de um consumo maior entre os jovens.
— Há preocupações
com a saúde — afirmou Gillian Connelly, da Agência de Saúde
Pública de Ottawa. — Mas a legalização está criando uma
oportunidade para se discutir o consumo de cannnabis e, por exemplo,
que os pais comecem uma conversa com seus filhos a respeito.
— Durante décadas,
só dissemos: "não consumam", mas isto não funcionou —
acrescentou.
Essa mensagem
colaborou para que os canadenses estejam entre os maiores usuários
per capita de cannabis, com 4,6 milhões ou um em cada oito que
consumiram maconha este ano (incluindo 18% da juventude em Ottawa).
Regras
Pelas regras
definidas, é preciso ter 18 anos para comprar maconha. No entanto,
algumas províncias elevaram a exigência da idade para 21 anos. Cada
canadense pode portar até 30 gramas e o cultivar quatro plantas em
casa. É proibido fumar em locais públicos.
Pelas normas, os
canadenses precisam ter 18 anos para comprar maconha. Porém, há
províncias que elevaram a exigência da idade para 21 anos, como
Quebec. Não é autorizado fumar em locais públicos.
Dirigir sob seus
efeitos
O governo enviou uma
mensagem a 14 milhões de famílias destacando os aspectos básicos,
inclusive advertências sanitárias e a necessidade de se manter a
maconha longe de crianças e animais de estimação.
A organização
Mothers Against Drunk Driving também se associou ao Uber e à
produtora de maconha Tweed em uma campanha contra a direção sob os
efeitos da cannabis.
Connelly notou uma
breve retomada nas internações depois que o estado americano do
Colorado legalizou a maconha em 2014, atribuindo-o a que pessoas não
se davam conta de sua potência. O THC aumentou de uma média de 3%
em 1980 a 15% hoje.
Os empregadores, por
outro lado, estão estabelecendo uma ampla gama de restrições ao
uso que afeta o trabalho. O Exército, por exemplo, ordenou aos
soldados que não usem maconha oito horas antes de um turno, enquanto
alguns policiais e companhias aéreas anunciaram proibições.
Risco entre
adolescentes
Além das zonas
cinzentas legais, há uma escassez de dados científicos sobre a
cannabis, o que dificulta o estabelecimento de políticas. Isto ficou
evidente quando autoridades descartaram as preocupações dos médicos
com o impacto da maconha no desenvolvimento do cérebro de menores de
25 anos, e estabeleceram a idade mínima para o consumo em 18 ou 19
anos, de acordo com a idade legal para ingestão de álcool.
Um painel que
recomendou o marco legal ao governo disse que "a ciência atual
não é definitiva quanto a estabelecer uma idade segura para o uso
da cannabis".
Também determinou
que fixar a idade em 25 anos comprometeria os esforços para eliminar
o mercado negro, o que por sua vez enfraqueceria o fornecimento de um
produto mais seguro para os consumidores.
O consumo
relacionado à execução de tarefas sob efeito de entorpecentes
também permanece confuso.
Para responder a
isto, o governo estabeleceu três limites de concentração de THC
proibidos no sangue: acima de 2 nanogramas (ng) mas inferiores a 5 ng
por mililitro de sangue; 5 ng ou acima; e 2,5 nanogramas em
combinação com 50 mg de álcool por 100 mililitros de sangue.
— Nas pessoas que
dirigem, sabemos que a presença do THC é um risco para a atenção,
a concentração e o julgamento — disse Vigano.
Mas as forças de
ordem ainda não têm pessoal para coleta de amostras de sangue. E os
policiais estão sendo treinados para usar medidores alternativos de
saliva em rodovias para detectar o THC, aprovados em agosto.
Enquanto isso, o
governo espera que a redução do preço simplesmente ponha os
traficantes fora do negócio.
Para Jean-Sebastien
Fallu, especialista em dependência da Universidade de Montreal, os
riscos - definitivamente - não superam as virtudes das legalização.
— A cannabis não
é boa para a saúde, mas a proibição é extremamente nociva e pior
que a cannabis — disse Fallu. Fonte: Gaucha ZH.
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