segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Distúrbios de sono.



Insônia, quebra de sono, sonhos vívidos, pesadelos.

Eu não lembro de ter um sono de qualidade na minha vida.

Minha mãe era insone e quando dormia sonhava muito, o que fez com que ela gastasse muita grana no jogo do bicho (ela faleceu aos 73 anos sem mais sintomas de Parkinson).

Como antes de um diagnóstico dificilmente procuramos informações sobre doenças, eu jamais fiz a relação entre distúrbios de sono e Doença de Parkinson, preferia colocar a culpa na genética herdada da minha mãe, aliás, colocar culpa em mãe é mais do que comum. Freud diria que se nascêssemos de chocadeiras elétricas, psicólogos não teriam pacientes.

Mas voltando ao que interessa, eu acredito que sofra de todos os distúrbios de sono que existem.
Já passei mais de vinte e quatro horas sem dormir. Quando dormia num horário razoável, passava a madrugada acordada e de manhã estava caindo de sono na hora de trabalhar. Na infância dividia o quarto com minha irmã e ela dizia que eu sentava na cama, falava, rangia os dentes, me debatia, chorava. Meus maridos (sim houve mais de um, mas, não vou entrar em detalhes) me relatavam que eu falava, chorava, pedia socorro,..

Meu filho caçula nasceu quando eu tinha trinta e cinco anos e não dormiu uma noite inteira durante dois anos e meio, os médicos diziam que ele sofria de "terror noturno", não sei, depois dessa idade passou a dormir normalmente, mas eu já estava com minha relação com o sono destruída.

Com quarenta e seis anos fui internada com depressão grave e na clínica comecei a usar clonazepam e zolpidem. Aleluia, aleluia, aleluia, dormi. Não muito, mas dormi, não sonhei.

Era o adeus àquela sensação de que meu espírito corria a São Silvestre durante meus curtos períodos de sono.

Depois que saí da clínica, me aposentei, aprendi a lidar com a ansiedade que estava me matando, mudei meu estilo de vida, fiz o desmame do clonazepam e continuei com zolpidem.

Há dois dias tomei um relaxante muscular e dormi sem tomar remédio. "Dormi" é força de expressão: tive cinco mil pesadelos, sofri, chorei, pedi socorro, acordei exausta às 4h48min.

Uma noite mal dormida e pesadelos acabam com a minha estabilidade emocional. No outro dia os sintomas do Parkinson gritam. Eu tremo, fico rígida, lenta, sensível, deprimida, resumindo, não é vida.

Hoje eu procuro gerenciar os remédios para dormir de forma racional, uso zolpidem sempre (às vezes meio comprimido, às vezes inteiro) e umas gotinhas de clonazepam, esporadicamente, se estiver muito ansiosa. Sei dos efeitos colaterais, mas, não vivo sem eles.

Eu sou do tipo de parkinsoniana que quer ser feliz hoje. Amanhã? Não sei, não penso no amanhã.
Quem sabe se existirá amanhã?

Lembrete : não se automedique, se sofre com distúrbios de sono converse com seu médico.

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