sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Portuguesa, idosa de 93 anos é a primeira vítima do incêndio do Badim enterrada

Berta Gonçalves Barreiros era tida como a matriarca da família; parentes falaram sobre ela e contaram os momentos de angustia na noite de quinta
13/09/2019 - RIO — Orações, seguidas de aplausos, e a presença de muitos parentes e amigos marcaram a despedida a Berta Gonçalves Barreiros, de 93 anos, no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Ela é uma das onze vítimas do incêndio do Hospital Badim, na noite desta quinta-feira — a primeira a ser enterrada. A idosa estava internada há três dias na unidade devido a uma infecçao no útero e uma pneumonia. Quando o incêndio começou, seu filho Carlos Outerelo estava com ela e conta que chegou a cobrir seus olhos e boca com gase molhada para aliviar o calor causado pelas chamas.

— Primeiro, a luz apagou parcialmente e voltou ao normal 20 minutos depois. O gerador desligou e o cheiro de queimado aumentou. Começou a sair uma fumaça escura das saídas de ar também — recordou o advogado, pouco antes do sepultamento.

Outerelo diz que conseguiu tirar a maca da mãe da sala do CTI. Ele conta que, no corredor, pessoas desmaiavam e todos tentavam deixar o local. Berta tinha uma doença semelhante à doença de Parkinson e estava presa à cama, ligada aos aparelhos de monitoramento de saúde.

— Os bombeiros tentaram salvar todo mundo, foram incansáveis. Mas quando chegamos na escada corta-fogo, eles me obrigaram a ir embora. Eu não podia levar a cama. Agora eu entendo: se eu não tivesse ido, estaria aqui deitado nessa capela — disse Outerelo.

Portuguesa, Berta chegou ao Brasil com pouco mais de 20 anos. A família conta que ela sempre se dedicou aos parentes. Ela deixa oito filhos, 14 netos e sete bisnetos

— Era uma guerreira — concluiu o filho.

Fernando Pinto, amigo da família, resumiu Berta com uma palavra: matriarca.

— Levei um susto quando soube. Foi desesperadorr — lamentou Pinto.

Ronaldo Fonseca, genro de Berta, lamentou a tragédia, mas disse que, agora, sua sogra vai em paz:

— Ela era dedicada à família, cozinhava para todo mundo. Infelizmente, temos que aceitar.

Fonseca contou que foram nove horas de angústia até a família descobrir que Berta estava entre as vítimas.

— Sabemos que foi uma tragedia, todos estão conscientes. Mas a pior parte foi das 17h às 2h, o tempo que levamos tentando descobrir onde ela estava.

A família dele também vive outro drama decorrente do incêndio no Badim. Sua prima, Andrea Afonso, e seu sobrinho, Marcos Vinicius Afonso, estão internados no Quinta D'or. Afonso estava no CTI do segundo andar do Badim há seis meses.

— A Andrea desmaiou e não conseguiu ir embora. O filho tem uma doença degenerativa e não tinha como sair. Agora, as famílias precisam se reestruturar — disse Rosemary Ferreira, amiga da família.


Como foi o incêndio
Ver detalhes e legendas na fonte.
Fonte: O Globo.

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