Por Roberto Coelho
Pode parecer utópico querer a união de todos os que sofrem da Doença de Parkinson, em torno de uma causa comum, a nossa causa. Alguns poderão dizer que é uma bobagem, outros acharão impossível, e até mesmo poderão dizer que é um trabalho muito grande, com o que concordo, entretanto esse argumento não me tira a motivação. Eu explico porque:
Nos anos 80, quando estava recém diagnosticado recebi uma “carta” de uma tal Associação Brasil Parkinson, que eu nunca tinha ouvido falar. Dentro vinha um convite para me associar ao que parecia um projeto quase impossível de efetivamente se realizar. O convite veio mimeografado, assinado por Dona Marilandes Grossman, e foi distribuído para pacientes de Parkinson de quase todo o Brasil dessa maneira. Quem hoje em dia não ouviu falar da Associação Brasil Parkinson? Também era um trabalho muito grande, difícil de realizar, numa época em que a internet apenas engatinhava.
Eu, me propus em 2010, em comemoração aos trinta anos de diagnóstico e quarenta e um anos dos primeiros sinais da doença, pedalar sozinho entre Curitiba e Porto Alegre, perfazendo quase 800 quilômetros. Parecia também um trabalho muito grande e difícil de realizar. No entanto no dia 31 de julho de 2010, eu cheguei em Porto Alegre, debaixo de chuva com a minha bicicleta, seis dias depois de ter saído de Curitiba.
Acredito em sonhos, mesmo que pareçam impossíveis, como deve ter parecido aos contemporâneos de Santos Dumont, quando ele pôs para voar pela primeira vez o seu invento – o avião. Acredito em sonhos, porque sei que o pensamento, ou a criação mental, é o primeiro passo para a realização de qualquer coisa. Nada do que existe deixou de ser “pensado”, antes de existir.
Acredito também que nada se conquista sem o esforço pessoal de cada um de nós. Toda conquista pessoal ou coletiva, em qualquer âmbito, custa esforço, organização e espirito de equipe. Não se conquista nada sem organização, sem foco em um objetivo e sem cooperação.
Entre 1990 e 2015, o número de pessoas que vivem com Parkinson em todo o mundo dobrou para cerca de 6,9 milhões. Especialistas estimam que este número aumentará para 14,2 milhões em 2040.
Se hoje as condições de tratamento através do SUS, já são difíceis, imagine como será para os que virão na mesma jornada que nós.
Pessoalmente, vejo um só caminho para conquistarmos melhor qualidade de vida, que inclua toda terapêutica fornecida gratuitamente pelo governo, incluindo também atendimento neurológico, psiquiátrico, psicológico, fisioterápico, fonoaudiológico e de terapia ocupacional. Esse caminho é lutar pelos nossos direitos a uma vida mais estabilizada, com tratamento especializado e adequado.
A forma de se começar essa luta é nos unirmos para termos representatividade e fazermos nossa voz ser ouvida. Se nos organizarmos e tivermos claros os nossos objetivos, tenho certeza que colheremos bons frutos.
Unidos somamos e sempre seremos mais fortes.
Reflita sobre o que leu e pense na sua responsabilidade com os que virão no mesmo caminho que estamos passando. Vamos dar esse passo juntos e unidos por uma causa justa e meritória, nosso bem-estar e dos que virão nesse caminho também, que podem inclusive ser seus descendentes. Fonte: Facebook.
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