quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Pacientes com Parkinson dançam em benefício da saúde

Em uma parceria da UFRGS com o SUS, as aulas têm objetivo de pesquisar a flexibilidade, força e equilíbrio dos alunos

10/10/2018 - No som tocava Eu Só Quero um Xodó, de Dominguinhos, e na sala 7 do Campus Olímpico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), cinco casais dançavam um forró. Além da identificação com a música e o gosto pela dança, os alunos, com idades entre 47 e 84 anos, tinham outras semelhanças: todos têm Parkinson e, todas as segundas e quartas-feiras, frequentam as aulas da professora Rebeca Donida, 26 anos, com o objetivo de cada vez lidarem melhor com a doença.

As aulas fazem parte do Programa de Treinamento para Parkinson, uma parceria da UFRGS com o SUS. Os pacientes têm 24 aulas, duas vezes por semana, onde trabalham, principalmente, a flexibilidade, a força e o equilíbrio, por meio da dança _ há também as opções de jogging aquático (corrida e caminhada na piscina) e a caminhada nórdica (tipo de caminhada com bastões). Após completar as aulas, os pacientes podem seguir no grupo de extensão, onde há só as aulas, sem a pesquisa.

As manhãs têm início com um alongamento. Na barra, são feitos exercícios de equilíbrio, de transferência de peso e de mobilidade. Aí, então, os alunos estão prontos para dançar. Dispostos em frente ao espelho, seguem as orientações da professora Rebeca. Inicialmente, dançam sozinhos, e depois, em pares.

Depois do alongamento nas cadeiras, alunos tem exercício na barra

— No dia a dia, a gente nota como a dança é boa para eles. Percebemos que as pessoas estavam depressivas, pois com o Parkinson elas têm vergonha de sair de casa, porque acham que vão derrubar as coisas ou cair. Mas, quando eles encontram pessoas iguais, isso passa um pouco, eles se sentem parte de um todo — afirma Receba.

Cláudio Fakredin, 76 anos, teve o Parkinson diagnosticado há cerca de três anos. Na época, perdeu a flexibilidade e não conseguia mais montar no cavalo sozinho. O aposentado, que é um grande bailarino, está há cerca de oito meses na dança. No primeiro semestre passou pela pesquisa e agora está na extensão.

_ Fez uma diferença muito grande na minha vida. Superei todos os resultados, em flexibilidade e alongamento. Agora, já monto no cavalo sozinho _ conta.

Os idosos fazem encontros fora das aulas, trocam dicas sobre o tratamento e conversam diariamente no grupo do WhatsApp que criaram.

— Temos uma relação de família aqui. Isso é muito importante para a gente — afirma Cláudio.

Apelidado de Maridão, Waldir Palma, 74 anos, não tem Parkinson, mas é o par da aposentada Dora Palma, 71 anos, na dança.

— Ele vinha me buscar e ficava esperando no carro. Então, começou a participar também. Estou há dois anos em tratamento e o médico não aumentou as doses. A dança é muito importante para mim, já sou alegre, e aqui, fico ainda mais — relata Dora.

Na pesquisa, Rebeca conta que um dos principais objetivos é que eles foquem na música que está tocando, assim não prestam atenção nos tremores ou nas demais reações da doença. O chamado freezing, por exemplo, é um dos sintomas do Parkinson. Os pacientes "congelam", e então caem para trás, ou vão para frente.

— Quando acontece o freezing, dizemos para eles pensarem em uma música, para saírem do congelamento. Se ficam pensando em caminhar e sair do lugar, não dá certo — diz a professora.

Rebeca relata que, ao ingressarem na atividade, os pacientes relatam que vivem cansados, são desiquilibrados, caem com certa frequência e não têm muita vontade de sair de casa, sintomas que costumam melhorar com as aulas.

Neusa Ramos de Souza, 84 anos, está no projeto desde o início deste ano.

— Gosto muito de vir, porque me distraio e nos divertimos. Moro sozinha e fico muito em casa — aponta.

O benefício da dança para o corpo e para o condicionamento é importante para Elder Rocha, 47 anos, há dois anos nas aulas.

— Ajuda na flexibilidade, também. Ficar travado em casa, só piora. Isso até se torna uma competição saudável, porque vemos os colegas fazendo bem, e também quero fazer o melhor, quero estar como ele — diz Elder.

Ao final da aula, Rebeca repete o mantra, repetido pelos alunos, em coro: "Cada vez que a gente vem aqui, ou que vá fazer algo na nossa vida, que se doe o máximo. No mínimo, no mínimo, o máximo!".

/// Como o projeto é semestral inscrições para a próxima turma abrirão somente em fevereiro de 2019.

/// Informações podem ser solicitadas pelo e-mail dancaParkinsonesefid@gmail.com.
Fonte: GaúchaZH. Assista video aqui.

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