domingo, 3 de junho de 2018

Sua família tem um roteiro para a sua velhice? Rebele-se!


Eu estou envelhecendo como um bom vinho Estou ficando complexo e encorpado

Expectativa de um tipo de comportamento “compatível com a idade” pode ser uma forma de preconceito

03/06/2018 - De um modo geral, associamos o preconceito contra o idoso, o chamado ageísmo, a manifestações de terceiros que consideram as pessoas mais velhas incapazes, improdutivas, quase um estorvo para a sociedade. No entanto, e quando a família, mesmo com boas intenções, também acaba se valendo de estereótipos e espera que seus idosos tenham um determinado tipo de comportamento “compatível com a idade”? Para começar, vale discutir esse conceito, cada vez mais elástico diante da longevidade da humanidade. No domingo passado, encontrei amigos que tinham ido assistir ao tio de 92 anos jogar uma partida de tênis de praia – para quem não conhece, um frescobol incrementado, com rede. O esporte era absolutamente compatível com a idade dele!

Se não mantivermos a mente arejada e o senso crítico afiado, ideias negativas podem se esgueirar sorrateiramente e contaminar nosso julgamento. O passo seguinte será estabelecer barreiras e limites para ações dos pais ou de outros entes queridos com base em crenças sem fundamento. “Mamãe (papai), você não tem idade para isso!” é o tipo de frase, usada com frequência, que deveria ser abolida do vocabulário familiar. As limitações podem ser outras: de saúde ou de dinheiro, por exemplo, mas não de idade. Caso sua família tenha a expectativa de um determinado roteiro para sua velhice – e ele não pareça atraente para você – minha sugestão é simples: não aceite, não deixe de viver sua vida! Pode chamar de rebelião, se quiser.

Tenho uma amiga que demorou muito a aceitar um novo casamento do pai: ele tinha 75 anos e havia se envolvido com uma mulher 25 anos mais jovem. Aproveitando a boa situação financeira, o casal se divertia viajando, coisa que não fazia quando vivia sozinho, já que os filhos eram todos ocupados e não podiam lhe fazer companhia. Será que ele fez a opção errada? Mesmo que o idoso tenha problemas de saúde, a superproteção pode ser prejudicial. Quando um jovem tem algum tipo de dificuldade, é consenso que deva receber o encorajamento e as ferramentas necessários para superar os obstáculos. Por que não pensamos assim em relação aos mais velhos? Ninguém envelhece numa bolha. Aprendemos sobre o envelhecimento, nosso e dos demais, através da família, da comunidade, da cultura ao nosso redor. Se todas as interações que tivermos apontarem para aspectos negativos e restritivos da velhice, esse veneno vai acabar correndo em nossas veias, reduzindo nossas próprias possibilidades de uma trajetória prazerosa até o fim. Fonte: Globo G1.

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