por João Carlos
Mendonça Santos
17/05/2018 -
Florianópolis - Sou portador da Doença de Parkison (DP). O
diagnóstico chegou após consulta com neurologista no início de
2017. Mas negligenciei ao demorar em assumir a doença. Os primeiros
sinais surgiram em junho de 2015 quando, do nada, comecei a
apresentar tremores na mão esquerda. Os médicos, à época, diziam
poder estar relacionados à “dor do luto”, pois havia ficado
viúvo em março de 2014. Mas a luz amarela acendeu no início de
2017 quando, de repente, deixei desabar, no piso na cozinha, uma
xícara de café logo pela manhã. Decidi, então, procurar ajuda. A
consulta foi em fevereiro de 2017. Ficamos um bom tempo no
consultório com o neurologista, especialista em tremores. Eu e minha
filha, parceirona de todas as horas.
Fiz os testes
necessários, avaliação de exames e veio o diagnóstico. “O sr.
tem Parkinson”. “Mas isso é doença de velho”, retruquei, na
minha ignorância médica. O doutor, então, me levou para uma outra
sala e começou a exibir vídeos de pacientes seus com o mesmo
diagnóstico. O primeiro a aparecer foi um jovem de 17 anos,
agricultor de Antônio Carlos, cidade da Grande Florianópolis. O
menino tremia o corpo inteiro. E com 17 anos está longe de ter o
perfil de “velho”. Outro paciente, esse de 40 anos, também
apresentava sinais da doença. Até que surge um vídeo de um senhor
de 86 anos com idêntico diagnóstico. Portanto, a minha definição
de que DP é “coisa de velho” foi de uma ignorância suprema.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 1%
da população mundial acima de 65 anos apresenta DP.
No Brasil,
infelizmente, não há uma estatística exata da quantidade de
enfermos, mas estima-se que 200 mil pessoas sofram da doença. Hoje
continuo com o mesmo neurologista e o tratamento prossegue. A melhora
já é visível, mas ainda tremo na mão esquerda. Aliás, sobre o
tremor típico da DP, é o sintoma inicial da doença em 70% dos
casos. Em fases iniciais da doença, ele passa despercebido por
colegas e familiares do enfermo e costuma começar em uma das mãos.
E ainda sobre o tremor, uma frase não me sai da cabeça desde a
primeira consulta. Disse o médico. “O sr. não vai morrer disto,
mas vai viver com isso”. Fonte: Notícias do Dia.
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