quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Estudo premiado sobre célula cerebral pode ajudar a combater Alzheimer e Parkinson

Thais Galatro, de Santos, fez uma pesquisa inédita sobre microglias.
Por Mariane Rossi,
09/11/2017 - A biomédica santista Thais Fernanda Galatro recebeu um prêmio por realizar um estudo sobre células cerebrais que pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para doenças neurodegenerativas e ligadas ao envelhecimento, como o Alzheimer e o Parkinson. O estudo ganhou um prêmio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo pela sua importância na área da Saúde.

“O projeto tinha como foco principal os tumores cerebrais, que são os gliomas extremamente agressivos. A sobrevida dos pacientes que tem esse tipo de tumor é relativamente curta, de 15 meses. Os tratamentos, hoje em dia, ainda são pouco eficazes para ampliar a sobrevida”, diz Thais.

Após estudar durante anos as células tumorais cerebrais, ela resolveu ir mais a fundo no Doutorado, realizado no Brasil e também na Holanda. Além das células cancerígenas, o microambiente tumoral é feito por outras células, as micróglias. A ideia foi investigar como elas se comportam com e sem a presença do tumor no cérebro.

“Antes de estudar o tumor tivemos que estudar a micróglia normal. Existem duas formas de se obter. Por meio de cirurgia ou a partir de autópsias. Optamos pela segunda opção. Assim, conseguimos fazer uma triagem dos doadores para que não houvesse nenhuma patologia neurológica associada”, explica.

Ela observou como a célula se comporta em uma situação sem o tumor e, depois, com a doença. A idade dos doadores variou de 34 a 102 anos. Por conta dessa variedade, a pesquisadora conseguiu analisar também como essa célula se desenvolve ao longo da vida. Além de obter os resultados desejados, fez novas descobertas.

Thais explica que as micróglias são células de defesa do sistema nervoso central, que combatem infecções e doenças e se movimentam muito rápido perante estímulos. Conforme as pessoas vão envelhecendo, elas vão ficando mais lentas. "Nós coletamos as células até 24h após a morte e vimos que é uma célula resiliente porque ela não apresentou alterações. Isso abre portas para outros pesquisadores e para os estudos futuros de doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson”, disse.

Segundo Thais, as células apresentaram alterações muito parecidas com as alterações observadas na célula tumoral. “É importante a gente entender a relação das células tumorais com a micróglia porque a gente pode focar, no futuro, em alvos terapêuticos. Estudar uma célula em um ambiente não tumoral, o que ela faz normalmente e, depois comparar com o que ela faz quando tem um tumor crescendo, abre caminhos para possíveis tratamentos do tumor”, explica.

O estudo chamado ‘Perfil de expressão gênica da micróglia humana e suas alterações relacionadas ao glioma’, sob a orientação de Suely Kazue Nagahashi Marie, foi apresentado como tese na Faculdade de Medicina da USP para obtenção do título de Doutor em Ciências. Por conta das descobertas, ela ganhou o Prêmio Tese Destaque USP, na categoria Ciências da Saúde, que elege as melhores teses de Doutorado defendidas na Universidade.

“Eu fiquei bastante surpresa. Nunca esperamos. É um prêmio bem importante para a carreira acadêmica que eu pretendo seguir. Minha orientadora me incentivou a me inscrever no prêmio porque ela viu a qualidade do trabalho. Acho que ganhamos, principalmente, por termos tido uma abordagem diferenciada no que diz respeito ao tipo de amostra que usamos e também a ideia de agregação de conhecimento com a participação de vários centros de pesquisa. Como pesquisadora, eu acho que é meu dever passar o conhecimento adquirido”, disse Thais. Fonte: Globo G1.

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