quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Texto de Roberto Coelho

(sobre a maconha)

Relativamente ao texto de minha autoria publicado ontem nesse grupo referente ao uso da maconha, quero reafirmar, como está claro no artigo que escrevi, que não faço apologia ao uso da maconha. Meu único objetivo foi o de repassar uma experiência pessoal minha. Os bons entendedores e as pessoas esclarecidas e desprovidas de preconceitos certamente entenderam esse objetivo.

Não faço, nem nunca fiz apologia ao uso de drogas.

Sou usuário de drogas bem piores que a maconha ha muitos anos, quando fui diagnosticado, e deste assunto posso falar com propriedade e qualificação.

As drogas legalizadas como a Levodopa, o Pramipexol e a Amantadina, entre tantas outras usadas terapeuticamente na Doença de Parkinson, causam problemas muito maiores no meu entender, mas são legais.

Pessoalmente, e só posso me referir à minha experiência, tive alguns problemas sérios com compulsões e manias causadas pelo uso de Levodopa por 30 e tantos anos e pelo Pramipexol por 15 anos. Conheço alguns colegas e amigos que relataram esses problemas também de modo particular.
Essas manias, mudanças de humor repentinas que já se sabe são originárias da doença, e sofrem agravamento com o uso dessas drogas legais, causaram grandes danos à minha vida pessoal, alguns deles ainda tento reparar. Entretanto a maioria das pessoas não tem conhecimento do assunto para compreender o que se passa conosco pelo uso prolongado dessas substâncias, e assim o dano pode se tornar irreversível.

O que falar de cigarros e principalmente das bebidas alcoólicas?

Meu propósito, no referido artigo postado, não foi discutir aspectos legais ou ilegais do uso da maconha, mas apenas compartilhar uma experiência pessoal, como já mencionei. Além disso se eu uso a maconha, com objetivos recreativos ou medicinais, é problema exclusivamente meu e de ninguém mais.

Não estou aqui com o objetivo de me destacar na comunidade parkinsoniana, esse não é o meu objetivo. Não preciso disso, sou o que sou e a transparência é uma bandeira que empunho como norma de vida.

Minha história fala por mim e é uma história da qual tenho orgulho.
Dos limões que a vida me ofereceu fiz uma limonada…

Não conheço no país alguém que tenha superado limites físicos como eu superei, participando de 3 provas de resistência em cima de uma bicicleta, 2 provas de 200 km e 1 de 300 km, como eu fiz em 2005 e 2006, já diagnosticado alguns anos antes. Não conheço ninguém que seja diagnosticado com a Doença de Parkinson que tenha percorrido cerca de 800 km, pedalando só em 7 dias de estrada entre Curitiba e Porto Alegre como eu fiz em 2010. Escrevi um livro contando parte da minha vida. Participo de um grupo de apoio a pessoas em condição de moradores de rua aqui na cidade onde estou morando.

Se fosse o caso de buscar destaque na comunidade parkinsoniana, eu realmente teria muito assunto para trazer, mas não é esse o meu objetivo, quero apenas compartilhar minhas vivências, nada mais.
Citaria ainda para finalizar, uma frase do saudoso e controvertido cronista social Ibrahim Sued, muito popular por suas “tiradas” espirituosas nos anos 70 - “Ladram os cães e a caravana passa...”

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