Com usuários em recuperação, duque questionou sobre o tema, mas não se posicionou
20/09/2017 - LONDRES — Em visita ao centro de tratamento para viciados Spitalfields Crypt Trust, em Londres, o príncipe William participou de uma conversa sobre a legalização das drogas. É a primeira vez que um membro da família real britânica se manifesta sobre o tema, apesar de o duque de Cambridge não ter dado sua opinião, informa o “Guardian”.
No mundo, o debate é crescente. Vários países estão criando leis para legalizar o uso da maconha ou, ao menos, descriminalizá-lo. No Reino Unido, nem mesmo o uso medicinal da cannabis é liberado, apesar de apelos de ONGs e associações médicas. Durante a conversa, William questionou a três internos se as drogas deveriam ser legalizadas.
— Posso fazer uma pergunta? É uma grande, obviamente existe muita pressão sobre a legalização das drogas e essas coisas: quais são suas opiniões pessoais sobre isso? — questionou William. — Eu sei que é uma grande questão, mas vocês parecem ser as pessoas-chave para realmente terem uma boa ideia já que vocês sabem sobre os grandes riscos. Quais são os seus sentimentos?
Heather Blackburn respondeu acreditar que a legalização seria uma boa ideia, já que muitas verbas públicas são desperdiçadas no combate ao uso, em vez de apoiarem os usuários.
— A maioria das pessoas que conheci em reabilitação, 95% passaram por traumas imensos, coisas terríveis e elas acabaram usando drogas para lidar com essas questões — comentou ela. — Então, você é colocado na prisão, não recebe as instalações, a ajuda real que precisa. Você é punido, o que não ajuda em nada, apenas provoca mais danos.
Então o duque perguntou se a prisão pode resolver a razão pela qual alguém está usando drogas, e Heather respondeu rapidamente:
— Não, apenas pune o que você fez, não as razões.
Se recuperando do alcoolismo, Grace Gunn, uma jovem de 19 anos que estuda para se tornar parteira, acredita que a questão deve ser resolvida num processo de longo prazo.
— Você não pode apenas dizer: “drogas são ilegais” ou “agora podemos usar drogas”, porque isso não resolve o fato de sermos uma nação de pessoas que se machucam, e não podemos desfazer tudo da noite para o dia. Isso leva um longo período — comentou Grace.
Já Jason Malham, um australiano de 45 anos que se recupera do vício em heroína, se disse contrário à legalização:
— Pessoalmente, eu acredito que elas não devem se tornar legais.
Após a conversa, William agradeceu a honestidade do trio, e disse ter recebido análises “muito úteis” sobre o tema.
— Conversar com vocês e estar aqui me fez sentir que era uma questão que eu precisava fazer, agradeço a sua honestidade — disse o príncípe, que brincou com Grace, em relação ao terceiro filho que ele e Kate esperam. — Todo o melhor nos seus estudos, talvez nos vejamos muito antes do que você espera.
Danny Kushlick, diretor de relações externas da Transform, uma ONG que luta pela regulação das drogas no Reino Unido e no mundo, considerou a iniciativa de William como positiva.
— O protocolo em Westminster é: “nós não falamos sobre drogas” — comentou Danny. — É por isso que apreciamos a coragem do príncipe William de entrar num debate onde mesmo políticos experientes não entram. Fonte: O Globo.
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