domingo, 5 de fevereiro de 2017

Projeto Praia Acessível oferece equipamentos especiais que possibilitam a mobilidade na areia e assistência dentro d'água em diversas cidades gaúchas

04/02/2017 - A manhã deste sábado foi de estreias na beira-mar de Tramandaí. Cadeirante há 16 anos, devido a uma lesão na medula espinhal decorrente de um acidente de motocicleta, Mauro Klein, 42 anos, surfou pela primeira vez. Deitado sobre a prancha, foi conduzido pelos auxiliares do Projeto Praia Acessível até certo ponto e retornou no embalo do mar, experimentando uma sensação rara. A pele clara sob o sol forte, desta vez, não o apressou a procurar um abrigo à sombra — o empresário aposentado pegou cerca de 10 ondas.

— Achei muito legal. Você tem liberdade — descreveu Klein, presidente da Associação dos Lesados Medulares do Rio Grande do Sul (Leme) e morador de Sapiranga.

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Promovida pela Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul (Faders) e entidades parceiras, o Praia Acessível oferece, em diversas cidades gaúchas, equipamentos especiais que possibilitam a mobilidade na areia e o banho de mar assistido.

Na iniciativa deste sábado, estavam disponíveis duas pranchas de stand up paddle — a superfície mais ampla do que a do acessório de surfe convencional proporciona maior conforto e segurança — e 20 cadeiras anfíbias, com rodas grandes que não atolam na areia e ajudam na flutuação dentro d'água. Realizaram-se ainda partidas de bocha paraolímpica, praticada em cadeiras de rodas, com bolas menores e mais leves do que as habituais.

— Acessibilidade e inclusão são fundamentais. São conceitos que devem ser assimilados pela sociedade como valores de convivência. Não só as pessoas com deficiência e seus familiares estão sendo beneficiados, mas também a coletividade. Todos nós procuramos a felicidade, e isso se promove em eventos como este — afirmou Roque Bakof, presidente da Faders.

Esportista habituado a modalidades como basquete em cadeira de rodas e ciclismo em handbike — bicicleta em que se pedala com as mãos —, Klein saúda a facilitação do acesso a locais que geralmente impõem muitos obstáculos:

— Eventos como este são importantes para trazer pessoas que não costumam ir à praia. Com a minha cadeira, não consigo chegar, ela atola. E, na água do mar, enferruja.

Rotechild Prestes, presidente da ONG Caminhadores, entidade de promoção ao lazer para pessoas com deficiência, estava acompanhando os participantes até o mar.

— Em tudo que se pensa em relação a lazer, não se pensa na pessoa com deficiência. Hoje estou realizando a minha missão — declarou Prestes, que foi vítima de paralisia infantil e utiliza uma órtese na perna direita.

José Fernando Bronichaki, 54 anos, de Guaíba, perdeu o movimento das pernas em consequência de um tumor na medula espinhal. Entusiasta da beira-mar, o comerciante costuma ser carregado pelos familiares até a água em cadeiras de praia comuns. Neste final de semana, ele testou e aprovou duas novidades: o surfe, emocionante, e o banho no assento adaptado, bem mais confortável. Da areia, a dona de casa Cristiane Bronichaki, 48 anos, observava, satisfeita, o marido:

— Ele acaba vendo que pode tanto quanto os outros.

A relação de endereços para empréstimo de equipamentos do Projeto Praia Acessível e os próximos destinos da caravana podem ser acessados no site da Faders: www.faders.rs.gov.br. Mais informações pelo telefone (51) 3287-6500. Fonte: Zero Hora.

Um comentário:

  1. É um projeto muito bacana. Ele existe também em Vitória e Vila Velha aqui no ES.

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