Estudo indica que os médicos estão a prescrever mais antipsicóticos a pacientes da doença de Parkinson do que seria necessário. Os antipsicóticos diminuem a mobilidade, prejudicam a componente cognitiva, aumentam as quedas, infeções e os casos de morte.
O estudo, já publicado na revista de ‘Parkinson’s Disease’, verificou que os médicos prescrevem mais 34% antipsicóticos a pacientes com a doença de Parkinson em cuidados de longa duração, e mais 24% a pacientes com a doença de Parkinson em complexos cuidados continuados.
Os autores do estudo indicam que os medicamentos antipsicóticos podem tratar sintomas de demência e outras manifestações neuropsiquiátricas associadas à doença de Parkinson, mas as boas práticas sugerem que o seu uso seja reservado para os pacientes que apresentam agitação, atitudes agressivas ou psicose severa, ou para aqueles que são um risco para si mesmos e/ou para os outros.
George Heckman, investigador em Medicina Geriátrica e professor na Faculdade de Ciências Aplicadas de Saúde em Waterloo, indica que no estudo “verificaram que a prescrição de antipsicóticos entre os indivíduos que vivem com a doença de Parkinson era muito maior do que a exigida no caso de agressão severa e psicose”.
Para o investigador “a prescrição de antipsicóticos sem uma forte justificação que traga benefícios é preocupante, dado os riscos associados a esta medicação, pois piora a mobilidade, provoca quedas, prejudica a componente cognitiva, provoca infeções e a morte”.
O estudo também descobriu que o uso de restrições físicas era frequente entre os residentes em lares de cuidados continuados que sofrem da doença de Parkinson, particularmente os do sexo masculino, deficientes, com deficiência cognitiva e incontinentes.
John Hirdes, da Escola de Saúde Pública e Sistemas de Saúde, e investigador no estudo, referiu que “as descobertas sugerem que indivíduos com doença de Parkinson não estão a receber os cuidados adequados e podem estar expostos a sérios riscos associados ao uso de antipsicóticos e de restrição física”, e acrescentou: “As pessoas com doença de Parkinson são afetadas por uma carga complexa de problemas, tanto da própria doença como do sistema de saúde”.
O estudo aponta para a necessidade geral de melhorar os cuidados para as pessoas em cuidados continuados. As visitas mais frequentes ao médico foram associadas ao menor uso de restrições ou de medicamentos antipsicóticos. Uma formação adicional da equipa de saúde também contribui para melhorar os cuidados destes pacientes.
Para John Hirdes, os pacientes da doença de Parkinson devem ter “mais acesso aos profissionais de saúde com formação em geriatria para serem garantidos melhores resultados sobre a doença”. O investigador referiu ainda que “precisamos de uma abordagem verdadeiramente colaborativa de cuidados partilhados entre clínicos de cuidados primários, especialistas e profissionais de saúde interdisciplinares. Compreender as complexidades associadas com o envelhecimento deve ser um requisito básico para todos os profissionais de saúde.” Fonte: TV Europa.
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