28 de janeiro, 2017 | Em 2001, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, assinou uma ordem executiva proibindo o governo federal de financiar novas fontes de células-tronco desenvolvidas a partir de embriões humanos para implante. O ato brecou a pesquisa e desencorajou os cientistas.
Cinco anos mais tarde, um cientista da Universidade de Kyoto, Shinya Yamanaka, e seu aluno de pós-graduação, Kazutoshi Takahashi, deram novo ânimo ao campo criando uma técnica para “reprogramar” qualquer célula adulta, por exemplo, uma célula da pele, e persuadi-la a voltar ao estágio “pluripotente” inicial. A partir daí ela pode se tornar qualquer tipo de célula, do músculo cardíaco à de um neurônio.
Esse avanço deixou de lado a controvérsia com embriões, oferecendo aos pesquisadores um suprimento ilimitado de células-tronco. Yamanaka dividiu o prêmio Nobel de 2012 de Fisiologia ou Medicina por reprogramar células adultas no que agora se chama de célula-tronco pluripotente induzida (iPS). Mesmo assim, a marcha rumo aos novos tratamentos deu uma parada.
Yamanaka dirige o Centro para Pesquisa e Aplicação de Célula iPS da Universidade de Kyoto. Ele também chefia um pequeno laboratório de pesquisa nos Institutos Gladstone, afiliado à Universidade da Califórnia, campus de San Francisco, onde seu grupo estuda os mecanismos moleculares subjacentes à pluripotência e os fatores que induzem à reprogramação.
Eu o entrevistei recentemente em San Francisco. Nossa conversa foi editada por questões de tamanho e clareza.
Houve um grande entusiasmo e confiança durante quase 20 anos de que o uso de células-tronco levaria a novos tratamentos poderosos para uma série de doenças. Agora, dez anos após a sua descoberta, que tratamentos foram desenvolvidos?
Ainda estamos nos primeiros estágios. Em 2014, a Dra. Masayo Takahashi e colegas do Centro Riken para Desenvolvimento Biológico tiveram grande sucesso usando células iPS para tratar degeneração macular.
Eles pegaram células da pele de uma paciente de 70 anos e criaram as células iPS a partir delas. Então, diferenciaram as células-tronco (direcionadas a “retomar” o caminho do desenvolvimento normal) para se tornarem células retinais adultas. Elas foram transplantadas no olho da paciente para tratar a doença. Foi um grande sucesso. Ela vê muito melhor hoje em dia.
Mais pacientes foram tratados?
Antes do transplante para o segundo paciente, verificamos a sequência do genoma das células iPS do paciente e identificamos uma mutação nas células. Então, não prosseguimos.
As células-tronco pluripotentes têm a capacidade de se proliferar rápida e infinitamente. Mas essa é uma faca de dois gumes. Depois de vários ciclos celulares, a chance de mutação cresce. Isso poderia incluir uma mutação para produzir um oncogene que pode causar câncer. Fonte: Rede Transamerica.
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