domingo, 11 de dezembro de 2016

Cansado demais ou velho demais para fazer as coisas?

Domingo, 11/12/2016 - No domingo passado, a coluna abordou a tese da “consciência” das células, de como nosso corpo filtra e interpreta as informações do ambiente que nos cerca e do impacto que isso tem nas dimensões psíquica e espiritual de cada um. Volto ao tema, que é fascinante e polêmico, trazendo os principais pontos do livro “Corpo sem idade, mente sem fronteiras”, do médico Deepak Chopra. Tornar-se frágil e morrer é o destino de todos; no entanto, vivemos numa sociedade que parece só enxergar o vigor da juventude. A idade avançada, a enfermidade e a morte, diz Chopra, “não são sequer consideradas como uma possibilidade”. Como todos caminhamos nesta direção, o que ele propõe é que prestemos mais atenção às funções corporais, em vez de deixá-las no piloto automático.
Mente e corpo são inseparáveis e a medicina já se utiliza desta ligação para atuar, como explica: “recebendo um placebo, uma droga inócua, 30% dos pacientes experimentarão o mesmo alívio para a dor como se tivessem tomado um verdadeiro analgésico”. Por isso ele defende que o declínio do vigor com a idade é, em grande parte, resultado da expectativa que a pessoa tem a esse respeito: “a ligação mente-corpo automaticamente realiza essa intenção”. O que Chopra propõe é “criar um corpo novo continuamente”. Em primeiro lugar, abrindo o leque de conhecimentos e habilidades que mantenham mente e corpo “crescendo”. O autor lembra que órgãos e tecidos se renovam o tempo todo: “a pele, o revestimento do estômago, o sangue, o esqueleto, tudo está sempre em fluxo”.

Portanto, se o envelhecimento é algo que está acontecendo com você, afirma Chopra, então você é basicamente uma vítima. “Mas se o envelhecimento é algo que você aprendeu, você está na posição de desaprender comportamentos, adotar novas crenças e ser guiado para novas oportunidades”. No livro, ele cita o exemplo de uma pesquisa realizada na Tufts University, nos EUA, com idosos de um asilo submetidos a um regime de exercícios com pesos. As idades variavam entre 87 e 96 anos e, em oito semanas, houve ganho de massa muscular de até 300%, além de melhora em coordenação e equilíbrio: “esses resultados sempre foram possíveis, nada de novo foi acrescentado à capacidade do corpo humano. O que aconteceu foi que uma crença foi alterada e o processo de envelhecimento também se alterou. Se você está com 96 anos e tem medo de movimentar seu corpo, ele irá se consumir”.

Acolher as incertezas como parte da trajetória humana, renunciando à necessidade de controle, também ajuda a administrar o estresse, que pesa mais conforme envelhecemos. Para combatê-lo, ele sugere exercícios de respiração, meditação, música, contato com a natureza e rir. Para finalizar, embora nem de longe esse texto esgote os ensinamentos do livro, Chopra mostra a força das palavras para determinar comportamentos. “Há uma enorme diferença entre dizer estou cansado demais para fazer isso ou estou velho demais para fazer isso. A primeira frase contém uma mensagem subliminar dizendo que as coisas vão melhorar: se você está muito cansado agora, sua energia voltará e você não se sentirá tão cansado depois. Ser velho demais é muito mais definitivo, porque na nossa cultura a velhice é definida pela passagem do tempo linear e as coisas velhas nunca se tornam jovens de novo”.

O astronauta John Glenn morreu na última quinta-feira, aos 95 anos. Foi o primeiro americano a viajar pela órbita da Terra, em 1962, mas voltou ao espaço quando tinha 77 anos. A bordo do ônibus espacial Discovery, ajudou cientistas a estudar o processo de envelhecimento e efeitos dos voos sobre o corpo humano. A longevidade é uma construção que demanda dedicação. Fonte: Globo G1.

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