domingo, 27 de novembro de 2016

Implante cerebral é aposta para tratamento de Parkinson

DOMINGO, 27 DE NOVEMBRO DE 2016 - Um procedimento cirúrgico tem melhorado a qualidade de vida aos pacientes de Parkinson na região. O Implante Neuroestimulador Cerebral, conhecido como DBS, que em inglês quer dizer Deep Brain Stimulation, é a esperança de José Egídio dos Santos, 61 anos, que passou pela cirurgia ontem no Hospital Norte Paranaense de Arapongas - Honpar (Hospital Regional João de Freitas). “Espero que melhore bastante os sintomas”, diz. Apesar de não ser uma novidade em termos de tratamento, a cirurgia só é realizada em três municípios do Paraná: Londrina, Curitiba e agora em Arapongas, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Assim como José Egídio, que é Parkinsoniano há 11 anos, outros cinco pacientes passaram pelo procedimento neste fim de semana no Honpar. É a segunda vez que o hospital realiza este tipo de cirurgia. Neste ano, em junho, foram realizados os primeiros seis procedimentos, sendo todos pagos pelo SUS.

A oferta do procedimento foi possível porque contou com ajuda de profissionais especialistas de outras cidades. Nas duas ocasiões, a equipe liderada pelo médico neurocirurgião Marcus Valério da Costa, de Londrina, contou também com o trabalho do médico e também neurocirurgião José Oswaldo Oliveira Júnior, que é referência no assunto do Brasil e trabalha com o implante de DBS deste o final da década de 1980, quando o procedimento começou a ser indicado aos pacientes.

A araponguense Mariza Regina Pereira Viana, 38 anos, é uma das pessoas que passou pelo procedimento em junho. Parkinsoniana há sete anos, ela avalia que o procedimento foi positivo. “Diminuíram bastante os tremores”, afirma.

Costa explica que o procedimento consiste basicamente em colocar um fio (eletrodo) no interior do cérebro através de um pequeno furo no osso. O fio é ligado a uma bateria (gerador) que vai enviar estímulos ao cérebro para que ele melhore seu funcionamento e reduzam os sintomas desagradáveis da doença. “Após o implante, a melhora do paciente é gradativa e a estimulação é ajustada de acordo com a avaliação, que é feita de forma periódica. O paciente também continua tomando medicação, porém em doses menores, o que reduz os efeitos colaterais”, explica Costa.

A bateria tem uma durabilidade média de 3 a 5 anos, após esse período Oliveira Júnior explica, que o paciente precisa passar pelo procedimento novamente, mas não completo. “Vamos trocar somente a bateria, para que o eletrodo volte a emitir estímulos ao cérebro”, esclarece.

SEM CURA

Da Costa deixa claro que o Parkinson, que é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva, não tem cura. “A cirurgia não cura, mas melhora a qualidade de vida, permitindo ao Parkinsoniano ficar mais ativo e independente”, avalia Costa.

De acordo com o médico londrinense, o procedimento dura, em média, quatro horas, e não é considerado de alto risco.

“A cirurgia é considerada de alta complexidade e demanda de uma equipe especializada”, diz. A falta de especialistas é, inclusive, apontada como uma das razões do procedimento ser desconhecido do público.

Intervenção é indicada em estágio inicial

O neurocirurgião José Oswaldo Oliveira Júnior, doutor em neurocirurgia funcional, de São Paulo, observa que que o Implante Neuroestimulador Cerebral, chamado de DBS, desde 1993 não é mais considerado tratamento experimental, e sim convencional. “O DBS beneficia cerca de 15% de todos os doentes Parkinsonianos. A cirurgia é indicada para pacientes com tratamento clínico inicial, mais ou menos, cinco a seis anos. Não se pensa em cirurgia antes disso”, afirma.

A partir de cinco anos de doença, segundo o especialista, é que se faz a indicação para cirurgia. “Durante os primeiros cinco anos, o melhor tratamento clínico, com medicação, fisioterapia, com fonoaudiologia e terapia ocupacional”, avalia.

Oliveira Júnior comenta que, no Brasil, a maioria dos pacientes é tratada com neurologistas clínicos, responsáveis por coordenador o tratamento. “O neurocirurgião aparece um tratamento mais invasivo a partir dos cinco anos da doença, quando a medicação está causando efeitos adversos e não está conseguindo proporcionando mais uma resposta eficiente”, sublinha.

Oliveira Júnior também pontua que é importante que a região tenha um polo de desenvolvimento e tratamento de Parkinson, de dedicação exclusiva aos SUS. “Porque o resultado é positivo”, justifica. Fonte: Tribuna do Norte.

4 comentários:

  1. Parabéns pela matéria. Uma opção de tratamento muito boa para essas pessoas tão necessitadas e carentes. Pode ainda não ser a cura, mas o fato de propor uma melhor qualidade de vida já traz conforto e esperança. Parabéns a equipe do Dr.Marcos Valério da Costa.

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  2. O grande problema é o acesso, particularmente pelo SUS, difícil, a esta cara cirurgia, ainda sob as suspeitas de fraude como ocorreu recentemente no caso da "máfia do marcapasso" (http://doencadeparkinson.blogspot.com.br/search/label/corrup%C3%A7%C3%A3o) no HC de São Paulo. Tomara que isso não atrapalhe àqueles que realmente necessitam.

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  3. Gostaria de receber orientação, pois fui diagnosticada como portadora de Parkinson em 2003, com 42 anos, numa época em que atravessei um período de stress extremo e começaram a surgir sintomas estranhos principalmente no meu lado esquerdo: formigamento no pé e mão esquerda; perda de força na mão esquerda. O diagnóstico saiu com base na resposta do meu organismo ao uso do pramipexol. Tomei pramipexol sozinho até 2010, quando passei a usar também o levodopa/carbidopa. Hoje encontro-me numa sinuca de bico: às vezes acho que não tenho Parkinson, mas sou totalmente dependente química das altas doses de medicação às quais meu organismo está habituado a receber. Tomo a última dose de remédios por volta das 18:30 hs (1 mg de pramipexol + 1/2 comprimido de levodopa/carbidopa 25/250). Ao levantar de manhã, sinto-me uma pessoa normal, só um pouco mais lenta. Se eu passar mais de duas horas sem tomar a medicação, vou ficando cada vez mais fraca e meu pé fica engruvinhado. Mas não tenho tremor algum. Já me aconselharam fazer cirurgia, mas pergunto: Por que fazer cirurgia para acabar com sintomas que decorrentes dos efeitos colaterais da medicação? Na verdade, o que eu gostaria de fazer é UM EXAME CAPAZ DE DETECTAR A REAL SITUAÇÃO DO MEU CÉREBRO COM RELAÇÃO À DOENÇA. Ao levantar a questão com os neurologistas, não recebi apoio. E para fazer o exame teria que ficar 48 horas sem medicação, o que não posso fazer por conta própria, pois estarei colocando minha vida em risco. Já pensei em tentar passar por uma avaliação no Albert Einstein, mas não conheço ninguém lá. E além de gastar o que não tenho, se não fizer o procedimento correto, posso entrar num resultado inútil.

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  4. Não sou médico e muito menos neurologista, mas posso recomendar que procure um aí em São Paulo. Com relação ao pramipexole, não reduza nem aumente dosagem de forma precipitada, brusca, pois é grande o risco para a saúde. Falo por experiência própria, e se for reduzir a dosagem a faça com muito cuidado, gradualmente à taxa de 0,75 mg a cada 2 semanas, e a cada 2 semanas reduza na dosagem dos comprimidos disponíveis da sua formulação, se comprimidos standard ou ER, para ir desintoxicando gradualmente, sem choques. Com a levodopa faça a mesma coisa, i.é., reduzindo de 1/4 em 1/4 a cada tomada por semana. Procure reduzir a um mínimo com que você esteja funcional. Cuidado, pois com remédios para parkinson não se brinca! Procure um médico em quem confie. Pense na rasagilina ou selegilina e amantadina.

    Com relação à cirurgia, o dbs, "se" acertarem no alvo, normalmente o STN, poderá funcionar muito bem, permitindo que se reduza bastante a dosagem dos remédios e por consequência na redução dos efeitos colaterais destes, que são tão ruins ou piores do que a doença, mas cuidado na escolha da equipe médica, pois nem todas acertam sempre o alvo neurológico. Se tiver opção, opte pelo marcapasso recarregável, que permite ajustes mais radicais nos parâmetros de estimulação, sem necessidade de economizar a bateria, dando mais flexibilidades de ajuste. E uma observação: TODOS somos pessoas normais, e por essa mesma razão podemos contrair o parkinson. Força, pois Parkinson é assim mesmo! Parece ser um sumidouro de energia vital.

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