Sábado, 15 de outubro de 2016 - O hospital São Benedito, em Cuiabá, realizou nesta semana a primeira cirurgia de doença de Parkinson, em Mato Grosso, totalmente custeada pelo Sistema Único de Saúde. A paciente Jucineide Dias, 47 anos, sofria há 10 anos com a doença e recebeu alta médica nesta sexta-feira (11) após a realização do procedimento, com sucesso.
Ela foi encaminhada para o hospital São Benedito no mês de fevereiro, após uma década de idas e vindas médicas. Natural de Várzea Grande, ela já se consultou nas policlínicas do município, no Hospital Geral Universitário e até na clínica da Universidade de São Paulo, quando descobriu que tinha doença de Parkinson já em estado bem avançado.
Segundo Jucineide, ela não conseguia fazer sequer os movimentos simples do dia-a-dia, como comer, tomar banho ou mesmo andar. Era necessário sempre o apoio do marido e dos três filhos, que tiveram que sacrificar um pouco de suas próprias vidas para cuidar da mãe.
"Quando eu tinha 35 anos, dormi uma noite e acordei já com o dedinho tremendo. Desde então, todo o meu corpo foi acometido pela doença e eu visitei vários médicos, entrei na Justiça para conseguir fazer a cirurgia e nunca obtive retorno. Mas, graças a Deus, tive o apoio da minha família, que tanto lutou comigo para conseguir que as portas do hospital São Benedito se abrissem para mim", conta.
Jucineide foi atendida no laboratório de neurocirurgia funcional do hospital, que conta com seis neurocirurgiões. A cirurgia durou quase sete horas e foi realizada por uma equipe de três médicos neurologistas.
De acordo com o neurocirurgião Jony Soares Ramos, o procedimento consistiu na implantação, no cérebro da paciente, de um sistema de estimulação profunda - um equipamento semelhante a um marca-passo. “Ele modula a atividade elétrica das estruturas profundas do cérebro. Não é uma cura para a doença de Parkinson. O que temos é um tratamento para o controle dos sistemas motores da doença”, explica o neurocirurgião.
Segundo ele, a realização da cirurgia só foi possível pela paciente apresentar sintomas motores da doença e não envolvimento cognitivo. Tanto que, no dia posterior à cirurgia, Jucineide já conseguia segurar itens e dar pequenos passos. “Foi uma cirurgia de sucesso. Tanto que, no ato do procedimento, conseguíamos perceber os movimentos involuntários do corpo dela irem diminuindo. Após 10 horas de cirurgia, ela já estava transformada. Era visível a melhoria da saúde”, afirma.
A cirurgia custou aos cofres públicos aproximadamente R$ 16 mil. O mesmo procedimento, em caso de judicialização, custaria em média R$ 450 mil, conforme o diretor do hospital São Benedito, Jorge Lafetá. “Eu estou falando de um paciente só. São R$ 450 mil que teríamos de desembolsar e que poderiam ser gastos com outras cirurgias. Agora que temos estrutura e médicos capacitados para realizar as neurocirurgias e cirurgias ortopédicas, não deverá haver casos de judicialização”, assegura. (Com Assessoria/Secom-Cbá) Fonte: Diário de Cuiabá.
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