Bruno Pitanga atende em Cachoeiro e em Vila Velha. Além disso, possui uma conta no Instagram com 55 mil seguidores, na qual dá dicas de saúde
Muitos médicos pensam assim: a medicina está bem longe do ideal e são necessárias mudanças estruturais para que o paciente seja melhor assistido e o próprio especialista em saúde deixe de atuar somente no pós-doença. Um deles é o neurocientista e doutor em neuroimunologia Bruno Pitanga. O capixaba é um dos autores do livro “Você precisa saber - Tudo sobre a medicina do futuro”, que é um guia com práticas para auxiliar no aumento da qualidade de vida, na melhora na saúde e no combate a doenças.
“Se um paciente chega ao consultório e diz que está lá para conversar, sem sintoma de doença, é bem provável que o médico até brigue e diga que tem mais o que fazer. Não deve ser assim. É preciso pensar na prevenção, investigar possíveis doenças, ver as deficiências e fazer com que o organismo fique extremamente saudável para evitar males”, afirma o médico, que tem mais de 55 mil seguidores em sua conta no Instagram, onde dá dicas de saúde.
O que é a medicina do futuro, defendida no seu livro?
O médico é muito bem formado para tratar doenças, mas não está bem preparado para tratar de saúde. Isso tem várias razões, principalmente a influência da indústria farmacêutica, que faz com que o médico seja direcionado a olhar o paciente e procurar uma doença nele, para depois saber qual remédio dar e, por fim, acompanhar o caso. A medicina do futuro foca em voltar ao trabalho de prevenção, onde você trata a causa e não o sintoma. Por exemplo: se um paciente tem insônia, o médico prescreve um Rivotril, prescrição comum hoje em dia. Na verdade, não há nenhuma glândula no nosso corpo que produza clonazepam, que é o Rivotril. Então, a causa da insônia não pode ser a falta de Rivotril. Assim, o médico trata o sintoma e não a causa. Com isso, as pessoas chegam à idade avançada cheias de remédios de uso contínuo. E o próprio paciente entra nesse contexto e passa a nem procurar o médico mais.
A relação médico-paciente também precisa mudar em alguns aspectos?
Sem dúvida. Se o paciente chega ao médico e diz que não sente nada, mas que quer ser ajudado, é bem provável que o médico até brigue e diga que tem mais o que fazer. Não é bem assim. Até porque, você não faz isso com seu automóvel. Ninguém espera o carro bater para descobrir que a pastilha do freio acabou. Antes, leva-se à oficina para fazer as revisões. Essa é a importância da medicina preventiva. Tratar a doença é fundamental? É. Mas fazer a prevenção para não ter doença é essencial.
Mas não é o que acontece.
O paciente não tem essa cultura. E o médico também não sabe o que fazer quando o paciente não sente nada. É preciso examinar o metabolismo todo, ver as deficiências de vitaminas e minerais, e fazer com que aquele metabolismo fique extremamente saudável para evitar doenças. Não é porque uma pessoa não tem doença que ela é saudável. É aí que entra a medicina do futuro. A gente consegue, em 90% dos casos, evitar doenças normais do envelhecimento, como Alzheimer e Parkinson. São doenças completamente evitáveis, desde que haja um trabalho de prevenção.
A maioria das pessoas busca por uma melhor qualidade de vida. Por que tanta gente não consegue?
Antigamente, nós estávamos atrelados à genética. Até 2003, a pessoa achava que se o bisavô, o avô e o pai tiveram câncer de próstata, ela também teria. E não é bem assim. Hoje sabemos que a genética é responsável apenas por 15% do que se manifesta no corpo. Os outros 85% são relacionados a hábitos de vida: ao que se faz ou deixa de fazer, o que se come ou deixa de comer, e até o local onde você mora, quando se vive ao lado de uma fábrica poluidora, por exemplo. E o contrário também acontece. Se ninguém na minha família teve câncer de pulmão, mesmo assim eu posso ter, caso eu fume três maços de cigarros por dia. Não se pode ficar preso à genética. A qualidade de vida está totalmente ligada aos pilares da medicina preventiva.
E quais são esses pilares?
Primeiro, a prática de atividade física. Isso é fundamental. O sedentário vai perder para qualquer outro grupo. Não precisa ser um superatleta, pois até esse cara pode levar o corpo a um estresse grande a ponto de prejudicar a saúde. Mas mesmo o superatleta já é melhor do que o sedentário. O segundo pilar é o gerenciamento do estresse, e aí eu sempre coloco a qualidade do sono. O estressado dorme mal, mas não percebe, porque estresse todo mundo tem, é normal. Só que para ter o equilíbrio do estresse, precisamos estar bem no terceiro pilar, que é a modulação hormonal. É diferente do termo reposição hormonal, muito falado em mulheres na menopausa, onde há uma perda enorme e você repõe. Modular, por sua vez, é como se fosse equalizar. Temos alguns hormônios e precisamos diminuir, então não cabe a palavra reposição nesses casos. É a equalização de todo o metabolismo hormonal. Assim, a gente tem um equilíbrio. E por último, mas em especial, está a nutrição: é como você se alimenta, como está o seu intestino.
Por que esse pilar é especial em relação aos outros citados?
Pois muita gente cai no que chamamos de mitos alimentares. A pessoa come uma coisa achando que está fazendo bem e, na verdade, está provocando um mal. Ou o contrário: quando se deixa de comer algo por fazer mal e, na verdade, aquilo faz muito bem para o corpo. Um exemplo é o ovo. Todo mundo fala que aumenta o colesterol, que é um problema. O ovo simplesmente é o segundo alimento mais recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Primeiro vem o leite materno, que é o alimento mais completo que existe. Em segundo lugar, vem o ovo.
E qual é o principal elo de ligação entre os mitos alimentares e as doenças?
As indústrias alimentícia e farmacêutica são irmãs gêmeas. Elas incentivam a se comer errado, para poder provocar doenças e, depois, vender remédios. Parece mentira e teoria da conspiração, mas não é. Isso existe e há trabalhos científicos que comprovam. Existe um interesse enorme em que você não saiba o que te faz mal. A maior parte das doenças que matam o ser humano, hoje, estão ligadas à obesidade: diabetes, hipertensão, doenças coronarianas. Até o câncer tem aumento de estatística em obesos. Ser gordo é sempre uma péssima opção.
Além de refletir na melhor idade...
Sim. A gente está vivendo cada vez mais. Chegar aos 100 anos não é mais uma surpresa. Há 30 anos, se uma pessoa chegasse aos 100 anos de idade, era algo incrível. Mas estamos chegando aos 65 ou 70 anos muito “capengas”. Vem o Alzheimer e o Parkinson que, volto a dizer, são completamente evitáveis em sua maioria. Se a pessoa tem boa alimentação, controla o estresse, dorme bem e se exercita, a chance de envelhecer bem é enorme. Um ex-professor meu dizia algo que concordo: ‘A gente tem que viver igual a uma lâmpada. Ela tem brilho máximo até o segundo anterior ao momento em que ela queima’.
E quais são os desafios da sexualidade, também abordados no livro?
O principal desafio está nas mulheres, com o anticoncepcional hormonal. Ele tem função de não deixar a mulher engravidar, mas também é usado para tratar espinhas e ovários policísticos. Há mulheres que usam dos 12 aos 40 anos. Só que ele bloqueia e destrói completamente o metabolismo hormonal. O maior problema disso tudo é que ele acaba com a testosterona, não deixa mais o corpo produzir esse hormônio. E é um hormônio predominantemente do homem, mas a mulher também tem, e responde por 240 funções no corpo. A libido, ligada à testosterona, é fundamental, e a gente vê que as mulheres crescem ouvindo uma coisa lamentável: que o homem é tarado e que a mulher é mais frígida. Mas Deus não faria dois seres que precisam perpetuar a espécie sendo um tarado e uma que não quer saber do assunto. Isso é culpa do anticoncepcional. Outro exemplo é a osteoporose. Em cada 10 pessoas atingidas, nove são mulheres. A questão é que, como o uso de anticoncepcional faz a testosterona ser quase zerada - e ela é o maior estimulante para produzir célula óssea -, aos 55 anos de idade a mulher provavelmente vai ter a doença. Nada disso é falado abertamente. Não sou contra remédios. Acho que são importantes, mas para quem está doente. Não a vida inteira, pois aí tem algo errado, afinal não estão curando nada.
A medicina pode ser mais fácil?
Sem dúvida. Muita gente diz que prevenção encarece muito a medicina. Eu respondo que tratar da saúde é caro, mas as pessoa não fazem ideia do preço que é gasto para tratar da doença. O gasto é muito maior. Fonte: Portal Guandu.
(*) A doença de Parkinson não apresenta sintomas detectáveis até que aproximadamente 80% dos neurônios dopaminérgicos estejam danificados. Formalmente não há prevenção. A tese referente à medicina do futuro é válida, no entanto inaplicável, ainda hoje, à doença de parkinson. Considero o título do artigo inadequado, pois dá a impressão de que não houve prevenção, que aliás para parkinson, formalmente não existe. Não há exame em nosso meio que o detecte precocemente.
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