Atividades
facilitam a realização de movimentos e diminuem a tremedeira
Movimentos mais lentos, tremedeira, dificuldades para caminhar, se
alimentar e se vestir. Tudo isso é resultado da Doença de Parkinson,
uma disfunção na área do cérebro responsável pelos movimentos, principalmente
os chamados automáticos, que são aqueles que fazemos sem pensar - como
respirar, andar ou levantar de uma cadeira. A fisioterapeuta, especializada em
reabilitação neurológica Mariana Vulcano Siqueira, da Associação Brasil
Parkinson, explica que essas tarefas são as mais difíceis para o portador da
doença. "Entretanto,
com a realização de alguns exercícios e atividades simples é possível melhorar
o convívio do paciente com a doença", diz.
1. Exercícios
diários
Para
que o paciente com Parkinson possa executar movimentos automáticos, é
necessária a prática de diversos exercícios diários. O objetivo desse treino é
fazer com que o movimento passe a ser feito de maneira consciente, e não mais
automática. A fisioterapeuta da Associação Brasil Parkinson explica que o
portador da doença deve passar a fracionar os movimentos, prestando atenção em
cada gesto. "Para ele não é mais simplesmente andar, é levantar uma perna,
colocá-la para frente, depois levantar a outra perna e assim por diante",
diz.
Mariana explica que podem ser usadas
pequenas pistas tanto visuais quanto auditivas na hora de executar uma tarefa.
"É possível riscar várias linhas no chão, de forma que o paciente pule
cada uma delas quando for andar, assim como podemos fazer uma contagem para
cada movimento", diz. Ela afirma que essas pistas são uma forma de substituir
a função automática por uma função consciente. "Pular a faixinha ou contar
o passo faz com que o paciente se conscientize da tarefa, executando-a com mais
rapidez e facilidade."
2. Tai Chi
Chuan
Um
estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa de Oregon (EUA), feito com 195
pessoas, mostrou que os movimentos do tai chi chuan podem ajudar a reverter alguns dos
sintomas físicos da doença de Parkinson. A prática do exercício duas vezes por
semana durante 60 minutos ajudou os pacientes a manter o equilíbrio e fazer
movimentos com mais precisão.
O fisioterapeuta Frederico Brant, da
Academia Rio Sport Center, afirma que o tai chi chuan promove mobilidade,
equilíbrio e estabilidade aos portadores de Parkinson. Esse conjunto de
habilidades acaba gerando mais autonomia para execução das atividades diárias e
diminuindo o risco de quedas. "O tai chi tem exercícios que envolvem
grandes amplitudes de movimento e estabilidade postural, servindo como
ferramenta de combate aos sintomas da doença", diz Frederico.
3. Musculação
Um
estudo realizado pela Universidade de Illinois, na cidade de Chicago, afirma
que fazer musculação durante uma hora, duas vezes por semana, pode melhorar a
coordenação motora de pessoas com Parkinson. De acordo com o personal trainer
Juliano Farah, gerente de musculação da Cia. Athletica de Brasília, as
consequências geradas pela doença incluem perda e redução da força muscular,
além da rigidez dos músculos. "A musculação consegue reverter esses problemas e
melhorar a estabilidade da caminhada. A postura também ganha alinhamento",
afirma.
Para Juliano, a frequência e
intensidade do exercício dependem do grau da doença e o trabalho físico de
pacientes com Parkinson deve ser realizado em parceria com o neurologista que
acompanha o caso. "Se o programa incluir exercícios com aparelho, o ideal
é buscar aqueles com mais conforto e apoio para o corpo, como bicicletas
ergométricas máquinas de musculação, em vez de pesos livres."
4. Origami
Em fases mais avançadas da doença, o
paciente pode ter dificuldades em desenvolver a motricidade fina, que são os
movimentos precisos, como abotoar uma camisa, escrever ou pegar coisas usando
apenas dois dedos. De acordo com a fisioterapeuta Mariana, a prática do origami
estimula a motricidade e dá mais precisão aos movimentos, tornando essas
atividades mais fáceis. "Também podem ser feitos outros exercícios
específicos para a motricidade fina, como apertar um pregador ou envolver as
mãos em um elástico e fazer movimentos de abrir e fechar", afirma.
5. Trabalhar
a fala
O
paciente com Parkinson pode apresentar dificuldade para engolir e alterações na
fala, como a gagueira. A fonoaudióloga Arminda Sarpa, coordenadora do setor de
Fonoaudiologia da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação, explica
que podem ser feitos exercícios para coordenar a respiração e a fala do
paciente a fim de que ele supere essas dificuldades. Aulas de canto e leitura
em voz alta, com a orientação de um fonoaudiólogo, também são úteis para
superar dificuldades orais.
Existe também um aplicativo para
iPhone e Android chamado DAF Assistant, que funciona como uma
espécie de eco - você fala no dispositivo e ele te retorna o mesmo áudio
atrasado em uma fração de segundo. Isso dá a impressão de que o paciente está
falando junto de outra pessoa e ajuda na fluência. O aplicativo custa 12,99
dólares para os dois sistemas e pode ser comprado nos links:
http://itunes.apple.com/app/daf-assistant/id309496166?mt=8 (iPhone)
6. Ginástica
facial
Outro
fenômeno comum da doença de Parkinson é a perda de expressão facial, resultado
da rigidez muscular. De acordo com Arminda Sarpa Nesses, exercícios como os da
ginástica facial podem ajudar o paciente na recuperação dos movimentos das
sobrancelhas ou boca.
7. Exercitar
a mente
O
paciente com Parkinson pode apresentar problemas de memória e raciocínio.
Segundo o neurologista André Lima, da Academia Brasileira de Neurologia, existe
até um distúrbio chamado demência parkinsoniana, que é resultado de uma mente
com Parkinson pouco estimulada. "Por isso é importante trabalhar a mente
do paciente com Parkinson com jogos, aulas de música e leitura, por
exemplo", diz André. Nesses casos, a atividades podem ser diárias e de
acordo com a preferência ou aptidão do paciente.
8. Convívio
social
Em
decorrência das limitações físicas que se desenvolvem progressivamente, o
portador de Parkinson pode sofrer um abalo psicológico e até apresentar um
quadro de depressão. "Para evitar a apatia no paciente, é recomendado que
ele continue a fazer todas as atividades de antes, mesmo demorando um pouco
mais de tempo", afirma o neuropsicólogo, especialista em idosos, Alexandre
Monteiro, do Rio de Janeiro. "Manter a autoestima também é um fator
positivo para evitar ou combater a depressão, e é importante que ninguém force
o paciente a fazer atividades que não o agradem ou exigir velocidade na
execução das tarefas", diz.
Atividades manuais como pintura,
cerâmica e artesanato podem ser benéficas e minimizar o desgaste emocional.
"Isso porque a área cerebral responsável pela concentração para realizar
estas tarefas é a mesma área que provoca os tremores, se esses neurônios são
desafiados, o sintoma que caracteriza o Parkinson pode diminuir", afirma
Alexandre. Além disso, conversar com familiares, amigos ou mesmo um grupo
terapêutico podem ajudar pacientes que têm vergonha de sua condição.
"Grupos de apoio e palavras de carinho podem não alterar a progressão de
perdas funcionais, evitam o desenvolvimento de doenças oportunistas, como a
depressão."
Eu, pela inha vivência com mr. parkinson acrescentaria mais três valiosos hábitos:
9. Fazer as refeições em horários distantes da medicação, evitando álcool, leite e seus derivados, diminuindo a ingestão de carne vermelha, e frituras, incluindo frutas, legumes e verduras verde escura, que possuem mais ferro.
10. Tomar a medicação sempre no mesmo horário, respeitando a dose correta prescrita pelo médico, e não fazer uso da auto medicação.
11. Acostumar-se a dormir sempre no mesmo horário, num ambiente calmo e escuro, para ter um boa noite de descanso.
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