segunda-feira, 29 de maio de 2017

Maconha prensada tem urina, esterco e solução de bateria

Junte-se aos problemas cotidianos que enfrentam as pessoas com parkinson, na hipótese de optarem a consumi-la, ainda tem que se preocupar com a origem da maconha. Por isso sou a favor da legalização. Opinião pessoal.

29/05/2017 - A luta contra o tráfico de maconha é notícia constante na imprensa, com fotos que mostram enormes barras da planta, enroladas por fita adesiva. Trata-se da maconha prensada, que é consumida pela quase totalidade dos usuários no Piauí. É a única que pode ser encontrada nos pontos de venda de droga, que diariamente são fechados em operações policiais.

O método para produção da maconha prensada é utilizado pelos contrabandistas para facilitar o transporte e evitar que o material seja detectado pelos policiais. Em muitos casos, outras substâncias são adicionadas, que vão desde outras plantas até solução de bateria, esterco ou urina.

Pedro Alencar é um engenheiro agrônomo que estuda a maconha há mais de 20 anos. Sua experiência o fez entrar em contato com a droga ilegal mais consumida em Teresina. Segundo ele, o grande risco que a maconha prensada traz ao usuário é o fato de ele não saber o que está consumindo. “Além de reduzir o volume da maconha, os traficantes precisam acrescentar substâncias para disfarçar o cheiro. Antigamente eles punham café, ou urina, algumas coisas que os cachorros não gostam”, explica Pedro.

O engenheiro comenta que os traficantes misturam outros tipos de plantas, para dar volume, e acrescentam ainda produtos químicos como soda cáustica e solução de bateria. “Muitas vezes a pessoa pensa que está fumando um ‘barato’ e está fumando a morte”, disse.

O problema se agrava porque os traficantes acrescentam também outras drogas à maconha, como o crack, o que contribui para aumentar o vício. “Há alguns anos, comecei a perceber que as pessoas que fumavam a prensada estavam consumindo mais do que o normal, e não ficavam saciados. Então eu para eles que a maconha estava cheia de uma coisa amarela, que é borra de crack”, relata.

Doutor em biologia, o professor José Ribamar Rocha coordena um grupo de pesquisas sobre fungos aquáticos na Universidade Federal do Piauí. Segundo ele, é possível afirmar que a condição em que a planta da maconha é colocada cria um ambiente propício para o nascimento de microorganismos. “Como [os traficantes] não têm cuidado no manuseio asséptico esterilizado, como têm essas maconhas industrializadas de países onde é permitido, [a prensada] têm o risco de contaminação por bactérias e fungos”, disse.

Diferenças

O PortalODia conversou com um jovem que confirmou a má qualidade da maconha prensada. “A gente é obrigado a consumir dessa forma, pois é o que tem. No Brasil, que tem esse mercado ilegal, você tem que ir numa boca de fumo. E [o traficante] vai te vender da pior forma, e vai ter outras drogas para te oferecer”, disse.

O jovem discorda que a maconha é a porta de entrada para outras drogas. “Na verdade, essa porta é o traficante. Porque você tem que se dirigir até ele. Se você tivesse a maconha numa farmácia, ou outro local, não ia ter contato com as outras drogas, não ia ter esse acesso”, argumenta.

Ele explica ainda que a maconha prensada gera algumas reações indesejadas, como o efeito curto, pigarros e a chamada “mazela”, uma forte indisposição que o usuário sente quando o efeito desejado acaba.

O jovem, agora, procura usar a maconha que é plantada e colhida com um certo rigor, e que segundo ele não traz esses efeitos negativos. “Se for uma maconha natural, você vai ter a parte medicinal da planta. Pode ajudar no tratamento de glaucoma, Alzheimer, qualquer tipo de dor ela vai neutralizar. Pode ter a parte espiritual da planta, para quem acredita”, enumera. Para ele, a planta pode ajudar ainda a combater problemas psicológicos, como ansiedade e depressão.

Medicinal

As informações sobre o processo de produção e os materiais que são adicionados à maconha podem ser novidade para quem observa essa realidade de longe, mas são amplamente conhecidos pela maioria dos usuários.

Muitos deles sonham em deixar a maconha prensada para trás e usar apenas a que é plantada com um maior rigor técnico e higiênico. O plantio, entretanto, também é considerado tráfico de drogas, e algumas pessoas já foram presas em Teresina por conta disso.

A maconha natural possui os níveis de substâncias psicoativas aumentados, gerando um efeito mais forte. Essa característica rendeu à planta, em Teresina, o apelido de supermaconha. “O que não deixa de ser verdade. Tanto que faz uma criança, que está entrevada em uma cama, voltar a se mexer”, destaca engenheiro agrônomo Pedro Alencar.

É com essa planta que são produzidos óleos e medicamentos que têm ajudado crianças com epilepsia refratária, além de várias outras patologias, como glaucoma e a doença de parkinson. "Essa que a gente fala que é a maconha medicinal, porque ela potencializou sua carga genética: em outras palavras, é THC e CBD em abundância”.

No último dia 14 de março, após a realização do “Simpósio sobre o uso de medicinas canabinoides”, foram assinados convênios com o propósito de cooperação para o desenvolvimento de produtos terapêuticos baseados nas substâncias encontradas na maconha. Os estudos poderão orientar futuramente a implantação de um centro de pesquisa, inovação e divulgação da substancia no Piauí. O uso do CBD, um dos princípios ativos encontrados em maior quantidade na cannabis para combater os efeitos da epilepsia em crianças, já é uma realidade no Brasil e no mundo.

Pedro Alencar defende que é como o cultivo de qualquer outro produto vegetal, como arroz, feijão, melancia: cada uma tem uma tecnologia, um manejo. “Cada um tem seus tratos específicos, e a maconha não é diferente. Se você cuida como se fosse qualquer coisa, vai dar qualquer coisa. Se você tem um cuidado especial, o resultado é especial”.

Resultado da proibição

Durante o início da década de 1920, o governo dos Estados Unidos da América pôs em vigor a “Lei Seca”, proibindo o uso e a venda de álcool em todo o território americano. A vigência da lei durou cerca de 13 anos. O que se viu como resultado foi o crescimento do crime organizado, que construiu grandes impérios criminosos, personificados na figura do famoso mafioso Al Capone.

O álcool produzido pelos contrabandistas, que recebeu o apelido de “moonshine” (ou brilho da lua, em inglês), era produzido artesanalmente em destilarias ilegais, em locais improvisados. A bebida era de péssima qualidade e causou diversos problemas de saúde aos usuários, que não deixaram de ter vontade de beber por conta da proibição. Fonte: Portal Altos.

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